Após descer até o nível de R$ 5,82 pela manhã, o dólar moderou as perdas ao longo da tarde, apesar de máximas do Ibovespa, e fechou a segunda-feira, 14, na casa de R$ 5,85. Com a agenda doméstica esvaziada, o real se beneficiou de nova rodada de enfraquecimento da moeda americana no exterior.
Houve recuperação do apetite por ações e divisas emergentes, sobretudo na primeira etapa de negócios, na esteira da decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, no fim de semana, de isentar temporariamente produtos eletrônicos e smartphones das chamadas tarifas recíprocas.
O dólar chegou a operar pontualmente em ligeira alta no início da tarde, com virada momentânea das bolsas em Nova York para o campo negativo, após declarações do presidente americano reiterando a estratégia de sobretaxar importações para trazer empresas de volta aos EUA. Mas o dólar rapidamente voltou a recuperar, embora em menor magnitude.
“A decisão de Trump de suspensão temporária de tarifas trouxe algum alívio, especialmente para empresas de tecnologia. Apesar disso, o ambiente continua instável e sujeito a reviravoltas”, afirma o gerente Eurico Riberto, da B&T XP.
Com mínima a R$ 5,8286 e máxima a R$ 5,8748, o dólar à vista fechou a sessão em baixa de 0,33%, cotado a R$ 5,8512. Em abril, a moeda ainda acumula valorização de 2,56%. No ano, perde 5,32%.
Operadores ressaltaram que a liquidez foi reduzida, com investidores sem disposição para mudanças relevantes de posição. Principal termômetro do apetite por negócios, o dólar futuro para maio movimentou menos de US$ 10 bilhões.
O real apresentou desempenho inferior a de pares como peso mexicano, chileno e o rand sul-africano. Destaque negativo para o peso colombiano, com perdas de mais de 0,60%. Como era de se esperar, o peso argentino tombou, apresentando desvalorização superior a dois dígitos, após o governo de Javier Milei levantar controles cambiais.
O índice DXY – que mede o comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes – furou o piso dos 100,000 pontos, com mínima aos 99,208 pontos pela manhã. O Dollar Index já acumula baixa de mais de 4% em abril e de 8% em 2025. As taxas dos Treasuries recuaram, mitigando os temores de abandono dos títulos do tesouro americano que marcaram a semana passada.
O economista André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências Remessa Online, destaca que o DXY desceu nesta segunda ao menor nível desde abril de 2022. Ele atribui o recuo do DXY nas últimas sessões à valorização do euro e da própria libra esterlina, embora nesta segunda o euro tenha exibido fôlego bem reduzido.
“Apesar de todos os problemas que a Europa enfrenta neste momento, parece um porto relativamente seguro para o especulador ou para o investidor”, afirma Galhardo, ressaltando que o clima de incerteza é grande e mantêm os mercados ariscos.
À tarde, o diretor do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) Christopher Waller disse que pode propor uma antecipação de corte de juros se houver uma recessão nos Estados Unidos. O BC norte-americano aguarda o fim das negociações sobre tarifas para poder calcular os impactos sobre inflação e atividade, para então decidir o caminho a ser tomado, apontou o dirigente.
Para Galhardo, da Remessa Online, Trump levou a guerra comercial levada a um “nível tão elevado” que só resta partir agora para negociações bilaterais ou setoriais, abrindo exceções como a suspensão sobre produtos eletrônicos e smartphones.
“O mercado precificou uma guerra comercial fortíssima e agora tem acontecido uma transição, justamente por esses recuos do governo americano”, afirma o economista.
Por aqui, à tarde o governo informou que a balança comercial registrou superávit de US$ 1,595 bilhão na segunda semana de abril, o que leva o saldo acumulado no mês a US$ 3,189 bilhões. No ano, o superávit é de US$ 13,171 bilhões.