Dólar sobe ante rivais, com cautela sobre riscos da pandemia de coronavírus

A força vista nesta quinta-feira, 14, no mercado acionário americano não se refletiu em apetite por risco também no mercado cambial. Em um movimento de busca dos investidores por segurança, o dólar se fortaleceu ante outras moedas fortes, em meio à cautela sobre os impactos econômicos do coronavírus, que continuam em foco.

No fim desta tarde em Nova York, o dólar avançava a 107,36 ienes, enquanto o euro recuava a US$ 1,0799 e a libra subia US$ 1,2227, quase estável. O índice DXY, que mede a variação da moeda dos EUA ante uma cesta de seis rivais, registrou ganho de 0,22%, a 100,466 pontos.

“A demanda por dólares permanece firme à medida que os investidores vendem ativos arriscados”, avalia o Swissquote Bank. Para a diretora-gerente de estratégia de câmbio da BK Asset Management, Kathy Lien, a força do dólar ainda é reflexo das declarações dadas ontem pelo presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Jerome Powell mencionou a possibilidade de uma crise de solvência, devido aos impactos prolongados da pandemia, e descartou a adoção de juros negativos nos EUA.

“A percepção de um caminho mais longo e assustador para a recuperação econômica do coronavírus impulsionou o refúgio no dólar”, afirma o analista de mercado Joe Manimbo, do Western Union.

Pela manhã, o presidente americano, Donald Trump, disse que esse “é um ótimo momento para se ter um dólar forte”, com as taxas de juros baixas. Alguns analistas afirmaram que a declaração de Trump ajudou a fortalecer o dólar, mas outros discordaram. Para Kathy Lien, da BK Asset Management, “as perspectivas de Trump para o dólar não têm impacto real” na cotação.

Ante divisas emergentes e ligadas a commodities, o dólar caía a 23,8289 pesos mexicanos e a 18,4713 rands sul-africanos, no final da tarde em Nova Yor, mas subia a 67,59,21 pesos argentinos.

No México, o Banco Central reduziu a taxa básica de juros em 0,5 ponto porcentual, para 5,50% ao ano, e citou “revisões sem precedentes das expectativas econômicas” devido à pandemia. Para a Capital Economics, novos cortes são prováveis. “Achamos que existe mais espaço para o Banxico cortar as taxas de juros sem arriscar a pressão sobre o peso nem desencadear saídas de capital”, dizem analistas da consultoria britânica.