Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar avançava frente ao real nesta terça-feira, depois de cair acentuadamente na véspera, com investidores adotando cautela no primeiro dos dois dias de reuniões de política monetária dos bancos centrais de Brasil e Estados Unidos.

Às 10:21 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,57%, a 5,1960 reais na venda.

Na B3, às 10:21 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,37%, a 5,2080 reais.

A moeda norte-americana também estava em alta no mercado externo, com seu índice frente a uma cesta de seis rivais fortes ganhando mais de 0,5% e se aproximando de seus maiores níveis em duas décadas, sinal de aversão a risco. Ao mesmo tempo, as ações globais caíam e os rendimentos dos títulos dos EUA subiam, fornecendo apoio adicional ao dólar.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Por trás dessa cautela estava a expectativa de que o Federal Reserve subirá sua taxa de juros em, pelo menos, 0,75 ponto percentual ao fim de seu encontro de política monetária, que começa nesta terça e se encerrará na quarta. O mercado vê pequenas chances de o Fed promover ajuste ainda maior nos custos dos empréstimos, de 1 ponto percentual completo.

Juros mais altos nos EUA tendem a beneficiar o dólar globalmente, já que tornam os retornos da renda fixa norte-americana mais atraentes, direcionando recursos para o país. Além disso, uma política monetária mais apertada restringe os gastos de empresas e famílias, o que tem levantado temores sobre a saúde da economia.

“O sentimento do mercado de aversão a risco, catalisado pelo temor de recessão econômica…, faz com que os investidores optem por ativos mais seguros, como o dólar”, disse a XP em nota.

No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central também dá início nesta terça a sua reunião de dois dias. A maior parte dos mercados financeiros espera que a taxa Selic seja mantida no patamar atual de 13,75%, mas há quem espere aumento residual dos juros a 14%.

Enquanto isso, algum alívio em incertezas político-fiscais domésticas limitava os ganhos do dólar, com os mercados reagindo positivamente à declaração de apoio de Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda do governo de Michel Temer, à campanha eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na segunda-feira, na esteira do anúncio, a moeda norte-americana à vista caiu 1,79%, a 5,1667 reais, maior desvalorização percentual diária desde 27 de julho (-1,915%) e menor nível para encerramento desde o último dia 12 (5,0983 reais),

“A reação do mercado está relacionada com a percepção de que as diretrizes econômicas do governo, caso a eleição de Lula seja concretizada, não serão dadas pela ala mais radical do PT”, disseram estrategistas da Travelex em nota.

Operadores têm alertado para volatilidade crescente no mercado de câmbio doméstico à medida que as eleições se aproximam.

tagreuters.com2022binary_LYNXMPEI8J0M3-BASEIMAGE


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias