Após cair nesta terça, 26, na cotação mais baixa em quase cinco meses, o dólar fez nesta quarta, 27, uma pausa em sua desvalorização, acompanhando a realização do petróleo e as preocupações fiscais no Brasil. A moeda até deu sinal na abertura do pregão de que seguiria a tendência das últimas duas semanas, chegando a tocar os R$ 4,80 na mínima do dia.

Não demorou, porém, para mudar de trajetória e ganhar força nas horas finais da sessão – quando o mercado reagiu ao avanço de 2,48% da dívida pública em novembro – até fechar em alta de 0,22%, a R$ 4,8326, perto da máxima do pregão (R$ 4,8398). No segmento futuro, o dólar para janeiro subia perto das 18h aos R$ 4,8270, valorização de 0,35%.

Remessas de divisas pelas filiais a matrizes ou coligadas no exterior, demanda de importadores e a pressão do mercado antes do fechamento da Ptax, junto com a desvalorização próxima a 2% do petróleo e os riscos fiscais, estão entre as explicações dadas por operadores ao comportamento do câmbio.

A aposta de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) se aproxima do início do ciclo de corte de juros – algo tido por investidores como provável para março – segue norteando, contudo, o mercado e limitou o fôlego do dólar ante o real.

Segundo o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, as incertezas fiscais levaram o investidor a buscar proteção, depois de o Tesouro divulgar que o estoque da dívida pública federal subiu para R$ 6,325 trilhões em novembro, ante R$ 6,172 trilhões de outubro. “O governo está preocupado com a arrecadação, mas despreocupado com os gastos. A equação não fecha e isso parece ter pressionado o dólar”, comenta.

Ele acrescenta que os investidores aproveitaram também para comprar dólar porque “há algum tempo” a moeda não caia para R$ 4,80. “Mas hoje se posicionou mais por proteção do que para antecipar a direção do dólar”, pondera.