O dólar engatou a sexta alta consecutiva e fechou no maior nível desde 28 de dezembro (R$ 3,8755). O câmbio foi influenciado principalmente pelo mercado externo, que teve um dia de aversão ao risco em meio a preocupações com a desaceleração da economia mundial e com os rumos das negociações comerciais entre a China e os Estados Unidos após notícias de que a Casa Branca recusou a visita de oficiais de Pequim, um sinal da dificuldade das duas maiores economias do mundo para chegar a um acordo. O dólar à vista fechou em alta de 1,19%, a R$ 3,8054. O dólar para fevereiro fechou em alta de 1,70%, a R$ 3,8195, na máxima do dia.

O discurso de Jair Bolsonaro no Fórum Econômico Mundial foi monitorado de perto pelo mercado, mas teve influência limitada nos preços dos ativos, pois as mesas de câmbio esperam que eventuais novidades sobre a agenda de reformas venha de declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes. Em conversa com investidores, ele assegurou que o governo vai conseguir aprovar a reforma da Previdência.

Perto do fechamento, uma entrevista do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, à agência de notícias Reuters chegou a influenciar as cotações. O dirigente afirmou que o BC sempre olhará “no momento adequado” se os juros estão “suficientemente estimulativos”. Parte do mercado interpretou as declarações de Ilan como uma mudança na sinalização do BC, com possibilidade até de corte de juros, o que deixaria o Brasil menos atrativo para estrangeiros, por conta do menor diferencial de juros. No entanto, o BC divulgou nota esclarecendo que a mensagem de política monetária não se alterou desde a última reunião do Copom.

Para o sócio de uma gestora independente, a entrevista de Ilan e o ambiente mais avesso ao risco do investidor internacional, que piorou na parte da tarde, pressionaram ainda mais o câmbio. Com isso, o dólar fechou perto das máximas do dia, voltando ao nível de R$ 3,80.

Sobre o discurso de Bolsonaro, o economista-chefe da Capital Economics para mercados emergentes, William Jackson, avalia que, apesar de ter sido curto, o presidente conseguiu tocar em uma gama de pontos para melhorar o ambiente de negócios no Brasil, além de sinalizar que a abertura comercial do País será uma de suas prioridades. O lado negativo ficou com a falta de menção mais explícita à agenda de ajuste fiscal, o ponto mais monitorado pelos investidores no Brasil.

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