O câmbio teve uma sessão de ajuste nesta quarta-feira, 21, no mercado doméstico, após o feriado de terça em São Paulo, dia marcado por forte estresse no exterior, com tombo do petróleo, alta do dólar e queda das bolsas mundo afora. Por isso, o real se descolou de outras moedas nesta quarta e foi a divisa que mais perdeu valor perante o dólar nesta quarta-feira, considerando uma lista de 24 emergentes. Os investidores seguem atentos ao passos de Jair Bolsonaro (PSL), mas nesta quarta novamente os anúncios não tiveram repercussão nos preços da moeda americana aqui. O dólar à vista fechou em alta de 1,01%, a R$ 3,7972, bem próximo da máxima do dia.

Estrategistas ressaltam que investidores estrangeiros estão redobrando a cautela com o Brasil e outros emergentes, em meio a um aumento de preocupações no mercado financeiro internacional por conta de renovadas preocupações sobre desaceleração da economia mundial, dúvidas sobre os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e os efeitos na atividade da guerra comercial entre a China e Washington.

Diante da maior cautela, só entre segunda-feira (19) e sexta (16), os estrangeiros aumentaram a posição comprada no mercado futuro de câmbio no Brasil – dólar futuro e cupom cambial – em US$ 882 milhões. Com isso, o total de posição comprada na moeda americana chegou a US$ 38,887 bilhões, segundo dados da B3. Os estrangeiros seguem retirando dinheiro do País, conforme mostram os dados do Banco Central divulgados nesta quarta. Entre 12 e 16, houve retirada de US$ 494 milhões pelo canal financeiro, elevando a saída no mês para US$ 2,2 bilhões. As mesas de operação relatam que a saída de estrangeiros prosseguiu na sessão desta quarta.

O banco JPMorgan elevou a previsão para o dólar em 2019, de R$ 3,80 para R$ 4,10, e chama atenção para “ventos contrários do exterior”, que podem tornar as reformas prometidas por Bolsonaro, como a da Previdência, ainda mais urgentes. A moeda americana pode chegar a esse nível já no segundo trimestre do ano que vem. “Acreditamos que o real não vai escapar da pressão em outros emergentes”, ressalta relatório enviado a investidores. O JP alerta que o Brasil, por causa das deterioradas contas fiscais, pode ser em 2019 o mercado emergente de maior risco por causa da dinâmica fiscal, ultrapassando a Argentina e a Turquia, os dois mercados mais afetados este ano pela mudança de humor dos investidores internacionais.