O dólar voltou a subir, devolvendo parte da queda da sexta-feira, e fechou nesta segunda-feira, 19, em R$ 3,7637, alta de 0,68%. O dia, porém, foi de liquidez mais fraca e o câmbio acabou repercutindo os movimentos da moeda americana no exterior, enquanto os investidores seguem monitorando de perto a transição de governo. A moeda americana subiu desde a abertura dos negócios e ampliou o ritmo de valorização na parte da tarde, após o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Nova York, John Williams, ressaltar durante discurso a força da economia dos Estados Unidos, reforçando que o ritmo de alta gradual dos juros deve ser mantido. Em uma lista de 24 divisas de emergentes, o real teve o segundo pior desempenho ante o dóla, atrás apenas do peso mexicano, onde a moeda americana subiu 1,07%.

Para o diretor da corretora Mirae, Pablo Spyer, as declarações de Williams sobre a força da economia americana provocaram estresse nas moedas de emergentes em dia de baixa liquidez no mercado financeiro internacional. Assim, fizeram o dólar bater máximas nesta tarde, chegando a R$ 3,7727. Spyer ressalta ainda que os vários feriados esta semana aqui e no exterior estão contribuindo para reduzir o volume de operações. Nesta terça-feira (20) é feriado em algumas cidades do Brasil, incluindo São Paulo, seguido pelo dia de Ação de Graças na quinta-feira (22) nos EUA. Na sexta é feriado no Japão e Wall Street funciona com horário reduzido.

Para Ricardo Gomes da Silva, da corretora Correparti, a recomposição de posições em dólares dos investidores antes dos feriados provocou um movimento defensivo visto nesta segunda no câmbio. No mercado futuro, o giro de negócios foi de US$ 13 bilhões, abaixo de pregões com volume bom, que costuma girar ao menos US$ 20 bilhões. O dólar para dezembro fechou em alta de 0,33%, a R$ 3,7590.

No noticiário doméstico, o destaque foi o anúncio do novo presidente da Petrobras, o economista Roberto Castello Branco. O nome não influenciou os preços do câmbio, mas agradou às mesas de operação, com os profissionais elogiando o perfil técnico dos escolhidos até agora para a equipe econômica de Jair Bolsonaro (PSL). Para a consultoria americana de risco político Eurasia, a escolha para a Petrobras “reforça a orientação muito pró-mercado da equipe econômica de Bolsonaro”. Já o JPMorgan elogiou o escolhido para chefiar o BC, Roberto Campos Neto, ressaltando seu perfil “mais orientado ao mercado do que acadêmico”, diferente de alguns presidentes anteriores. Após o comando da Petrobras, a expectativa agora é para o Banco do Brasil e rumores indicam que o atual presidente da petroleira, Ivan Monteiro, pode ser indicado para chefiar o banco público.