O dólar operou em alta durante todo o dia desta terça-feira, 20, sob influência determinante do cenário externo. O noticiário em torno da suspensão da reforma da Previdência e das medidas compensatórias anunciadas pelo governo foi monitorado de perto, mas teve influência limitada nos negócios. No mercado à vista, o dólar fechou próximo da máxima do dia, cotado a R$ 3,2593, com ganho de 0,76%.

“De tudo o que foi anunciado ontem (segunda-feira) pelo governo, o que teve algum destaque para o mercado foi a intenção de privatizar a Eletrobras. No mais, o que prevalece é a percepção de um cenário confuso, indefinido”, disse Mário Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora.

Desde a constatação de que a reforma da Previdência não seria mais votada, o que foi oficializado na segunda, em função da intervenção federal no Rio de Janeiro, havia o receio de que agências de classificação de risco pudessem promover um novo rebaixamento do rating brasileiro. A diretora-executiva da S&P Global Ratings, Lisa Schineller, disse que a posição do governo de não contar com a reforma neste ano faz parte de um contexto de dificuldades que colaborou para o rebaixamento promovido pela agência em janeiro.

Samar Maziad, vice-presidente da Moody’s, disse que a decisão do governo “é negativa para o perfil de crédito do país”. Ela destacou que tal fato ocorre porque “restringirá bastante a capacidade das autoridades de cumprir o teto de gastos do governo nos próximos anos”. De acordo com profissionais ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, a leitura é de que o risco de novo rebaixamento existe, mas não é iminente. “A suspensão da tramitação não foi novidade nenhuma para as agências”, disse Battistel.

Para José Carlos Amado, operador de câmbio da Spinelli Corretora, não há atualmente grande espaço para especulação no mercado de câmbio, apesar das incertezas do cenário político e fiscal. Isso porque, segundo ele, a figura de um Banco Central atento ao mercado acaba por dar “conforto” aos agentes. “O BC está atuando, rolando integralmente os contratos de swap, oferecendo hedge para quem precisa. Com o BC presente, o mercado não quer se arriscar a especular”, disse o profissional.

No cenário externo, a volta do feriado nos Estados Unidos foi marcada por ajustes e pela expectativa em torno da divulgação da ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve, marcada para esta quarta-feira, 21.