O dólar recuou em relação a outras moedas fortes e emergentes nesta quarta-feira, 9, diante de dúvidas sobre a continuidade e o cronograma do aperto monetário nos Estados Unidos e da sinalização do Banco do Canadá (BoC, na sigla em inglês) de próximas elevações de juros no país.

No fim da tarde em Nova York, o dólar recuava a 108,05 ienes, enquanto o euro rompia a barreira dos US$ 1,15 e avançava a US$ 1,1552. A libra, na mesma marcação, tinha alta a US$ 1,2800. O índice DXY, que mede a divisa americana em relação a uma cesta de outras seis fortes, recuou 0,71%, para 95,219 pontos, operando no menor nível desde outubro.

Três dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sinalizaram que a instituição deve ser paciente ao decidir seus próximos passos em relação à taxa de juros. O presidente da distrital de Atlanta do Fed, Raphael Bostic, afirmou que o próximo movimento poderia ser para cima ou para baixo, abrindo a possibilidade de um corte na taxa, enquanto o titular da distrital de Chicago, Charles Evans, reforçou que não é preciso ter pressa para mais elevações. Já o presidente do Fed de Boston, Eric Rosengren, defendeu que não deve haver viés de alta ou de baixa até que os dados econômicos se tornem mais claros.

A leitura “dovish” dos discursos dos dirigentes foi reforçada pela ata da reunião do Fed de dezembro. O documento, divulgado nesta tarde, mostra que os dirigentes entendem que poderiam ser pacientes na condução da política, ao passo que indicaram menos certeza sobre o tempo e o tamanho para as elevações de juros no futuro. Além disso, eles acreditam que riscos à economia devam ser avaliados.

Para analistas da Continuum Economics, o fato de que os formuladores de política do Fed têm dúvidas “crescentes” sobre a economia e consideram maior flexibilidade não ficou claro na data da reunião, “e as autoridades vêm compensando isso desde então”.

Também pesou sobre a moeda americana a sinalização do BoC de que continuará a elevar as taxas de juros no país, apesar da manutenção anunciada na reunião de hoje. Com isso, o diferencial de juros dos EUA em relação a outros países voltou ao radar e ajudou a pressionar a divisa do país. O banco central reiterou sua estimativa de que a taxa de juros irá se mover em direção ao chamado nível neutro, atualmente estimado entre 2,5% e 3,5%, para manter a inflação sob controle. Em relação ao dólar canadense, a moeda americana recuou de 1,3279 na terça a 1,3218.