O dólar recuou ante outras moedas fortes e também em relação às emergentes nesta terça-feira, 2, com os investidores otimistas pelos processos de reabertura econômica e confiantes em uma retomada rápida da atividade. Os protestos antirracismo que se espalham nos Estados Unidos e a relação entre Washington e Pequim, no entanto, também ficam no radar.

No fim da tarde em Nova York, o euro avançava a US$ 1,1168, a libra subia a US$ 1,2542 e o dólar registrava alta a 108,65 ienes, o que também mostra apetite por risco, já que a moeda japonesa é considerada um ativo de refúgio. O índice DXY, que mede a variação da divisa americana ante seis rivais, registrou queda de 0,16%, a 97,673 pontos.

Analistas do banco americano Brown Brothers Harriman (BBH) dizem que há um debate sobre as reais causas da fraqueza recente do dólar. Na visão deles, o principal motivo é a política monetária acomodatícia, mas também contribuem a crescente dívida dos EUA, as perspectivas econômicas e o risco político causado pelos distúrbios sociais. “O dólar permanece sob pressão”, ressaltam.

“Com o otimismo pela recuperação econômica em alta, a demanda pelo dólar como porto seguro diminui”, comenta o analista de mercado Joe Manimbo, do Western Union. O especialista destaca que dados recentes apoiam a visão de que o crescimento global voltará em junho, o que reduz a busca por dólares.

As tensões entre os Estados Unidos e a China também seguem no foco, mas as preocupações arrefeceram hoje, depois de o jornal Global Times informar que o país asiático continua comprando soja de Washington.

Nos EUA, os protestos pela morte de George Floyd, um homem negro que foi asfixiado por um policial branco, também ficam no radar, assim como a ameaça do presidente Donald Trump de usar o Exército contra os manifestantes. Diretor do Instituto de Alergia e Doenças Infecciosas do país, Anthony Fauci disse hoje que está “cautelosamente otimista” com a possibilidade de haver uma vacina para covid-19, mas mostrou preocupação com um possível aumento nos casos da doença em meio à agitação social.

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A libra, por sua vez, foi impulsionada por relatos de que o Reino Unido vai suavizar sua postura severa em negociações comerciais com a União Europeia.

Ante divisas emergentes e ligadas a commodities, o dólar caía a 21,7724 pesos mexicanos, a 68,1485 pesos argentinos e a 17,1810 rands sul-africanos, no final da tarde em Nova York. Em relatório, o Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) afirmou que o aumento nos déficits fiscais de países emergentes como África do Sul, Turquia e Brasil representa um “desafio de financiamento” e, com isso, os bancos centrais podem ter que “auxiliar” na política fiscal.


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