O dólar recuou ante moedas rivais nesta sexta-feira, 29, acompanhando comportamento visto durante todo o ano, à medida que os investidores se atentam a um impulso menor do que o previsto para a moeda americana por parte da reforma tributária nos Estados Unidos ou da elevação de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) em 2018.

No fim da tarde em Nova York, o dólar caía para 112,65 ienes, o euro subia para US$ 1,2003 e a libra avançava para US$ 1,3509. Já o índice do dólar (DXY), que mede a moeda americana em uma cesta de outras seis divisas, fechou em queda de 0,52%, a 92,124 pontos, apresentando recuo anual de 10,08%. Com isso, o dólar apresentou seu pior desempenho anual desde 2003.

Desde abril, o dólar mantém uma tendência de queda no mercado internacional, que está longe do fim, de acordo com analistas. Após alcançar o nível dos 100 pontos poucos dias depois da eleição presidencial americana de 2016, o DXY abandonou a marca em 18 de abril e, desde então, não alcançou mais um valor acima desse patamar. Esse foi o mesmo dia em que o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou relatório onde aumentou a previsão de expansão global em 2017 de 3,4% para 3,5%, mas manteve em 2,3% a perspectiva de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA neste ano.

Em entrevista ao Broadcast em setembro, a estrategista global de mercados do J.P.Morgan, Gabriela Santos, comentou que “a razão pela qual o dólar tinha um forte avanço em anos anteriores não existe mais. Antes, só a economia americana crescia, enquanto outros países desenvolvidos e emergentes sofriam muito. Com isso a moeda americana ficou muito cara”. Para ela, a recuperação da economia mundial tende a fazer com que outras moedas se fortaleçam em relação ao dólar – o que implicaria em um recuo da divisa dos EUA.

A moeda americana ainda esboçou reação com a reforma tributária nos EUA. No entanto, analistas apontaram que o impacto das alterações no sistema de impostos americano será mínimo para beneficiar o dólar. Apesar do presidente americano, Donald Trump, comentar que espera levar cerca de US$ 4 trilhões de volta aos EUA, o J.P.Morgan e o Deutsche Bank já disseram esperar apenas uma “modesta conversão” dos lucros no exterior para dólar com a repatriação prevista na lei. “Não há nada no projeto que estimule a repatriação”, apontou o estrategista de câmbio da BMO Capital Markets, Greg Anderson.

Além disso, as ações do Fed, que deveriam apoiar a moeda americana, não devem ter efeito significativo. Em dezembro, o dólar caiu ante outras divisas consideradas fortes após a decisão de política monetária do banco central dos EUA, o que reforça “que a normalização do Fed se tornará cada vez menos relevante para o dólar”, comentaram os estrategistas de câmbio do J.P.Morgan.

No CME Group, o contrato futuro de bitcoin para janeiro se recuperou de parte das perdas da sessão anterior e fechou em alta de 5,27%, a US$ 14.470,00. (

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