O dólar recuou em relação a outras moedas fortes nesta segunda-feira, 1º, com o foco dos investidores na reabertura econômica, o que diminui a busca pela segurança da divisa americana, mas também com a atenção voltada para os protestos que se espalham pelos Estados Unidos. A tensão crescente entre Washington e Pequim, porém, continua no radar e limita o apetite por risco.

No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 107,60 ienes, o euro avançava a US$ 1,1133 e a libra tinha alta a US$ 1,2500. O índice DXY, que mede a variação da divisa americana ante seis rivais, registrou queda de 0,52%, a 97,830 pontos.

“Suspeitamos que haja espaço para as moedas ‘mais arriscadas’ ganharem mais terreno, pois a reabertura gradual das maiores economias do mundo apoia o apetite por risco”, comenta o analista Oliver Jones, da consultoria Capital Economics, ao analisar a baixa do dólar. Ele pondera, porém, que a retomada econômica, após o fim da quarentena imposta pela pandemia de covid-19, será lenta e instável.

Para o analista Boris Schlossberg, da BK Asset Management, a “fraqueza” da moeda americana pode significar que o mercado cambial não acredita necessariamente que a recuperação econômica nos EUA será a mais rápida do G10. O índice de atividade industrial americano, elaborado pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês), por exemplo, subiu de 41,5 em abril para 43,1 em maio, mas ficou abaixo da previsão do mercado. Outros indicadores, porém, tiveram uma leitura mais positiva.

“O dólar continua sob pressão”, dizem analistas do Brown Brothers Harriman. Eles ressaltam que o agitação social nos EUA terá custos sociais, políticos e econômicos “significativos”. Os protestos pela morte de George Floyd, um homem negro que foi asfixiado por um policial branco em Minneapolis, se espalharam pelas principais cidades americanas. De acordo com a Fox Business, o caos social eleva a pressão para que o Congresso vote novos estímulos econômicos.

A baixa do dólar, no entanto, é contida pela tensão entre a China e os EUA, que gera certa cautela. Hoje, o país asiático ordenou que empresas estatais suspendam as importações de produtos agrícolas de Washington, o que fez com que o dólar reduzisse um pouco as perdas.

Ante divisas emergentes e ligadas a commodities, o dólar caía a 22,0835 pesos mexicanos e a 68,3996 pesos argentinos e a 17,4000 rands sul-africanos, no final da tarde em Nova York. Na Argentina, o governo decidiu estender mais uma vez o prazo para renegociação da dívida com credores privados, de 2 de junho a 12 de junho. Em comunicado divulgado hoje, o Fundo Monetário Internacional (FMI) avalia que há um “escopo limitado” para aumentar os pagamentos do país sul-americanos aos detentores de bônus.