O dólar apresentou perdas em relação a algumas moedas principais nesta quinta-feira, 29, na esteira da ata da reunião de política monetária do início deste mês do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que reforçou comentários “dovish” feitos no dia anterior pelo presidente da instituição, Jerome Powell.
Próximo ao horário de fechamento das bolsas em Nova York, o dólar caía para 113,38 ienes; o euro subia para US$ 1,1394 e a libra recuava para US$ 1,2785. Já o índice DXY, que mede a moeda americana contra uma cesta de outras seis divisas fortes, encerrou os negócios praticamente estável, com queda de 0,01%, cotado a 96,778 pontos.
A forte queda do dólar no pregão de quarta-feira deixou marcas e, no início do dia, foi parcialmente revertida, com a moeda americana testando recuperação. No entanto, a tentativa ficou para trás logo no fim da manhã, quando o Departamento do Comércio informou dados de inflação levemente abaixo das projeções nos Estados Unidos. O núcleo do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), que exclui itens voláteis como alimentos e energia, subiu 1,8% na comparação anual de outubro, enquanto a mediana das análises compiladas pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, estimava avanço de 1,9%. O número também marca desaceleração em relação a setembro, quando o núcleo do PCE subiu 2,0% e estava exatamente na meta estabelecida pelo Fed.
Durante a tarde, porém, o dólar voltou a ensaiar recuperação à medida que os investidores ampliavam posições em ativos cautelosos antes da reunião do G-20, que será marcada pelo encontro entre Donald Trump e Xi Jinping no próximo sábado. De acordo com a agência de classificação de risco S&P Global Ratings, riscos no comércio, a relação turbulenta entre as duas principais economias do mundo e a contínua normalização da política monetária são alguns dos fatores que fizeram com que houvesse um aumento na crença de recessão econômica nos EUA nos próximos dois meses. Essa possibilidade, na visão da S&P, subiu de 10%-15% para 15%-20%.
No fim da tarde, os investidores digeriram sinais emitidos pela ata da reunião de política monetária realizada pelo Fed no início deste mês. O documento apresentou alguns pontos semelhantes com o discurso de Powell, o que reforçou alertas “dovish” captados pelos mercados, como o de que a política do banco central não é predefinida e que a visão dos dirigentes “pode mudar” com base nos indicadores econômicos mais recentes.
“A discussão do cenário econômico foi bastante equilibrada na ata. Do lado dovish, houve um pouco mais de discussões sobre os riscos negativos (principalmente alavancagem corporativa e comércio) do que os riscos ascendentes. Do lado hawkish, havia mais convicção de que o trabalho e os custos dos insumos estavam se firmando”, notou o economista-chefe do JPMorgan, Michael Feroli, em nota a clientes.