Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar caía contra o real nesta quarta-feira, perdendo fôlego depois de fechar a última sessão no maior patamar em quase cinco meses, enquanto participantes do mercado reagiam à divulgação de dados sobre a economia dos Estados Unidos e aguardavam discursos de autoridades dos principais bancos centrais do mundo.

Às 9:50 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,63%, a 5,2341 reais na venda.

Na B3, às 9:50 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,74%, a 5,2365 reais.

O dólar spot fechou a última sessão em alta de 0,61%, a 5,2671 reais, nível mais alto para um fechamento desde 4 de fevereiro passado (5,3249), em seu 13° avanço em 16 sessões.

É natural, depois de movimentos expressivos na moeda, haver momentos pontuais de ajuste na direção oposta, conforme investidores realizam lucros.

Apesar da queda do dólar nesta manhã, “o dia promete ser desafiador com a divulgação do PIB americano, comentários do presidente do Fed e, aqui, possíveis movimentos de proteção em função dos nossos riscos fiscais”, comentou Jefferson Rugik, presidente-executivo da Correparti Corretora.

O chair do Federal Reserve, Jerome Powell, participará às 10h (horário de Brasília) de painel de um Fórum do BCE com os presidentes dos bancos centrais da zona do euro e do Reino Unido. Participantes do mercado estarão atentos a pistas sobre os próximos passos do Fed, em meio a temores de que sua atual trajetória agressiva de aperto monetário leve a economia a uma recessão.

Dados finais divulgados nesta quarta-feira mostraram que a economia dos EUA teve contração de 1,6% no primeiro trimestre deste ano, resultado ligeiramente pior que uma leitura preliminar de queda de 1,5%.

No Brasil, o foco seguia na tramitação da PEC dos Combustíveis no Congresso, que tem sido a principal responsável pelo recente ressurgimento de temores sobre as contas públicas. O texto pretende destinar recursos para a ampliação de benefícios sociais diante da disparada da inflação no país, medidas vistas pelos mercados como eleitoreiras, fiscalmente danosas e com possível efeito inflacionário de longo prazo.

Nesse cenário, cresceram as apostas num aumento de 0,50 ponto na taxa Selic em agosto, com a probabilidade implícita em contratos de DI de uma alta dessa magnitude já em 80%. Juros mais altos tendem a restringir a atividade econômica, mas também podem trabalhar a favor do real, pois elevam a rentabilidade da moeda.

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