Dólar recua ante real com nova intervenção do BC, mas sai de mínimas com persistência de riscos

Dólar recua ante real com nova intervenção do BC, mas sai de mínimas com persistência de riscos

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar caía ligeiramente contra o real nesta sexta-feira, depois de nova intervenção do Banco Central no mercado de câmbio, mas já se afastava das mínimas do dia, uma vez que o cenário doméstico persistentemente incerto e expectativas de redução de estímulos no exterior mantinham a cautela entre os investidores.

O BC vendeu nesta sexta-feira 20 mil contratos de swap cambial tradicional, irrigando o mercado com liquidez extraordinária pelo terceiro dia consecutivo.

Às 10h19, o dólar recuava 0,28%, a 5,5004 reais na venda, mas deixava para trás a mínima do pregão, de 5,4710 reais (-0,81%). Na B3, o dólar futuro tinha baixa de 0,20%, a 5,5185 reais.

Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora, explicou em nota que o leilão desta manhã é uma tentativa do Banco Central de suprir a demanda da moeda estrangeira no mercado, e deve fornecer alívio de curto prazo para o real.

Mas “o dólar, pressionado pelo exterior e pelos riscos fiscais domésticos, não se afasta do viés de valorização”, alertou o especialista.

Vários analistas têm alertado para uma tendência global cada vez menos favorável para moedas de países emergentes, à medida que o banco central dos Estados Unidos se aproxima de reverter os estímulos que sustentaram o apetite por risco dos investidores durante a crise da pandemia. A essa perspectiva somam-se temores generalizados de alta da inflação e desaceleração do crescimento global.

Nesse contexto, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes tocou uma máxima em cerca de um ano na última terça-feira.

No Brasil, dúvidas sobre a capacidade do governo de respeitar seu teto fiscal rondam os mercados há meses, intensificadas por ruídos sobre possível extensão do auxílio emergencial para a população e pela conta bilionária de precatórios para 2022.

Sidnei Nehme, economista e diretor-executivo da NGO Corretora, também tem “percepção de pouco governo e planos e muita politicagem”, citando insatisfação com o andamento da agenda de reformas doméstica, cultivo de ambiente irritadiço entre os Poderes e percepção de que o Banco Central não está elevando os juros no ritmo necessário para conter a inflação.

Nesse contexto de “desestruturação”, o “dólar pode ficar sendo ‘mascarado’ com leilões de swaps pontuais ou impontuais”.

O dólar caminhava para encerrar a semana com ligeira queda de 0,30% contra o real. Até agora em 2021, a moeda norte-americana acumula ganho de quase 6%.

Na véspera, o dólar fechou em alta de 0,14%, a 5,5158 reais na venda.

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