Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou em queda apenas leve nesta segunda-feira, mas suficiente para levar a moeda ao menor patamar em quase quatro semanas, com operadores evitando grandes movimentações em uma sessão relativamente tranquila e de contínuo apetite por risco no exterior, ainda na esteira de comentários do banco central norte-americano.

O dólar à vista caiu 0,14%, a 5,18925 reais na venda, depois de variar de 5,2273 reais (+0,59%) a 5,1825 reais (-0,27%).

A moeda fechou no menor patamar desde o último dia 4 (5,189 reais).

O mercado de câmbio basicamente seguiu os movimentos mais contidos também no exterior, em que investidores ainda repercutiram sinalizações do banco central dos EUA (Fed) sobre manutenção de estímulos até pelo menos o fim do ano, conforme entendimento de falas do chefe do Fed, Jerome Powell, na sexta-feira.

Em Nova York, os índices S&P 500 e Nasdaq voltaram a fechar em pontuações máximas históricas, sinal de maior apetite por risco do investidor.

Mas uma aposta única acerca da política monetária nos EUA ainda está longe. Ao longo da semana o foco vai se direcionar aos dados mensais de emprego norte-americano a serem divulgados na sexta-feira. Números mais fortes podem alimentar expectativas de uma antecipação no corte de estímulos, o que arriscaria levar o mercado a novo estado de tensão.

Operadores de câmbio também vão acompanhar a cena doméstica, que reserva na quarta-feira dados do PIB do segundo trimestre, enquanto na semana prosseguem os debates em torno do imbróglio dos precatórios e da reforma do IR.

“O embate político entre o Executivo e o Judiciário permanece no radar do mercado, à espera de atos bolsonaristas no dia 7 de setembro e após novas declarações do presidente (Jair Bolsonaro) dando a entender que o único cenário para a eleição do ano que vem seria sua vitória”, disse em nota Rafael Pacheco, da Guide.

E o investidor tem cobrado seu preço no câmbio pelo agravamento das tensões institucionais no país. Especuladores reduziram pela terceira semana consecutiva apostas na valorização do real nos mercados de derivativos da Bolsa Mercantil de Chicago, com o corte sendo o mais intenso em quase sete meses e levando o posicionamento ao menor patamar desde o começo de junho.

Há, porém, sinais iniciais de pelo menos uma redução no pessimismo. O Morgan Stanley relatou que a medida de volatilidade ajustada por risco do real diminuiu num intervalo de uma semana, o que melhorou a nota da moeda brasileira dentro do portfólio do banco com divisas emergentes. Ainda assim, a recomendação do banco privado é de venda de real.

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