O Banco Central precisou fazer três leilões extraordinários de swap nesta quarta-feira, 13, despejando mais US$ 4,5 bilhões em dinheiro novo no mercado de câmbio, para segurar as cotações da moeda norte-americana, dia em que as atenções dos investidores estavam voltadas para a reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Após o encontro em Washington, que sinalizou que os juros podem ter mais duas altas este ano nos Estados Unidos, o dólar à vista renovou sucessivas máximas aqui e chegou a encostar em R$ 3,74, mas perdeu fôlego com o terceiro leilão do dia de swap, anunciado cerca de 40 minutos após o final da reunião do Fed, e terminou a quarta-feira estável, cotada em R$ 3,7155 (+0,03%).

A moeda dos Estados Unidos chegou a bater em R$ 3,68 hoje, mas tem resistido a operar abaixo dos R$ 3,70. Hoje o BC injetou o maior volume diário de recursos desde que a disparada do dólar começou e ainda tem mais cerca de US$ 8 bilhões para colocar nesta quinta e sexta-feira, dentro do programa que anunciou na semana passada que prevê a injeção de US$ 20 bilhões até o final desta semana. O diretor de um banco de investimentos disse que a tendência de valorização do dólar deve continuar mesmo com todos esses recursos. Uma das razões é que a moeda dos EUA vem se fortalecendo no exterior e esse movimento vai prosseguir, principalmente porque hoje o Fed anunciou que os juros devem subir mais no país.

“O Fed foi um pouco mais duro hoje”, ressalta o economista-chefe da Pantheon Macroeconomic, Ian Shepherdson. Ele só esperava que a maioria dos dirigentes do Fed fosse sinalizar quatro elevações dos juros em 2018 na reunião de setembro, mas o movimento ocorreu hoje, em meio à visão do BC de que a economia norte-americano avança em ritmo sólido. A avaliação é que o presidente do Fed, Jerome Powell, assumiu uma postura mais “hawkish” hoje, ou seja, favorável a juros mais altos para conter a inflação.

Em meio à volatilidade causada pela reunião do Fed, o operador de câmbio da corretora Spinelli, José Carlos Amado, avalia que o BC conseguiu “suavizar” o mercado. O operador destaca que o fluxo cambial segue positivo, conforme dados divulgados hoje pelo BC. Na primeira semana de junho, tanto o fluxo comercial quanto o financeiro (bolsa e renda fixa) registraram entrada de recursos, somando US$ 3,4 bilhões. No ano, o fluxo cambial está positivo em US$ 23 bilhões, embora esteja saindo capital pelo canal financeiro, com saldo negativo de US$ 5,2 bilhões. Mesmo assim, o diretor de uma corretora de câmbio lembrou que o investidor estrangeiro que quer sair do Brasil não vem tendo dificuldade de encontrar recursos, garantidos pelos fluxos comerciais.