O dólar encerrou a sessão desta quarta-feira, 25, em leve alta no mercado doméstico, acompanhando a onda de valorização da moeda norte-americana no exterior. Segundo analistas, o dia foi de ajustes e correção para divisas emergentes, que na terça-feira experimentaram forte apreciação, insufladas pelo anúncio de amplo pacote de estímulos financeiros na China. Entre commodities, as cotações do minério de ferro voltaram a subir, mas o petróleo recuou mais de 2%.

Investidores refizeram parte das posições em moeda americana na expectativa pela agenda carregada nos Estados Unidos nos próximos dias, com a divulgação, na quinta-feira, da leitura final do PIB americano no segundo trimestre e, na sexta-feira, 27, do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), medida de inflação preferida pelo Fed.

Por aqui, o resultado abaixo do esperado do IPCA-15 de setembro, com quadro benigno dos preços de serviços, não desautorizou apostas em aceleração do ritmo de aperto monetário pelo Copom, com uma alta de 0,50 ponto porcentual na taxa Selic em novembro. O IPCA-15 desacelerou de 0,19% em agosto para 0,13% em setembro, abaixo do piso do Projeções Broadcast (0,18%).

Após tocar máxima perto do nível técnico de R$ 5,50 no fim da manhã (R$ 5,4971), o dólar moderou os ganhos ao longo da tarde, em sintonia com o exterior, e encerrou o dia em alta de 0,24%, cotado a R$ 5,4761. Na semana, o dólar acumula baixa de 0,81%, o que leva as perdas no mês para 2,82%.

Para o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, as divisas emergentes devolvem parte dos ganhos de terça em razão de uma reavaliação por parte dos investidores dos efeitos potenciais dos estímulos anunciados pelo governo chinês.

“O mercado parece desconfiando com as medidas na China. Os últimos pacotes anunciados por lá praticamente não surtiram efeitos. A economia chinesa ainda vai sofrer bastante e isso tende a trazer commodities para baixo, o que tira força do real”, diz Velloni, ressaltando que as dúvidas em torno do quadro fiscal doméstico também deixam os investidores estrangeiros na defensiva.

Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY operou em alta ao longo do dia, com máxima aos 100,991 pontos. Entre divisas emergentes pares do real, peso mexicano e colombiano apresentaram perdas bem mais expressivas que o real, acima de 1%.

“O comportamento do câmbio aqui está bem em linha com o exterior, com as taxas dos Treasuries subindo. O pacote de estímulos na China ajuda, mas não resolve os problemas existentes”, afirma o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt.

O tesoureiro vê pouco espaço para uma apreciação consistente do real, apesar da possibilidade de ampliação do diferencial entre juros internos e externo, com a continuidade do ciclo de alta da taxa Selic e do processo de redução das taxas nos EUA pelo Federal Reserve.

“De um lado, temos a maior taxa de juros real do mundo e que vai continuar subindo, enquanto a maioria dos países está cortando os juros. Mas o quadro fiscal limita a possibilidade de queda do dólar. Acho difícil taxa de câmbio abaixo de R$ 5,40”, diz Weigt, acrescentando que a volatilidade implícita nas opções de real, uma medida relevante de risco, “está em patamar elevado”, acima de 14%, há mais de um mês.