A trégua no mercado de câmbio na terça-feira durou pouco. Após cair a R$ 3,94 na mínima da terça-feira, o dólar subiu 1,79% nesta quarta – maior alta porcentual desde 27 de março – e fechou em R$ 4,0388 – valor mais alto desde 23 de maio. Indicadores fracos da atividade econômica na China e na Alemanha renovaram preocupações com a perda de fôlego da economia mundial e provocaram forte fuga de ativos de risco no mercado financeiro mundial. Seguindo a piora no exterior, o Ibovespa fechou em queda 2,94% em 100.258,01 pontos, após perder a marca de 100 mil ponto durante a tarde.

Nos Estados Unidos, a inversão da curva dos rendimentos do títulos de 2 e 10 anos do Tesouro, mecanismo que historicamente não costuma falhar em prever recessões na maior economia do mundo, adicionou ainda mais preocupação nas mesas de operação em Wall Street. No mês, o dólar já acumula alta de 5,7%.No mercado local, as mesas de câmbio monitoraram ainda a situação da Argentina, que teve novo dia de intervenções do Banco Central no câmbio, que não evitaram nova disparada de 8% da moeda americana no país vizinho.

Os estrategistas do banco dinamarquês Danske Bank Jakob Ekholdt Christensen e Vladimir Miklashevsky avaliam que a Argentina pode seguir tendo algum contágio no Brasil, pela proximidade, mas o que vai pesar mesmo no apetite ao risco dos investidores e nos mercados de moedas emergentes, incluindo o real, é o desenrolar da relação comercial China/Estados Unidos, a situação da economia mundial e os rumos da política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Nesta quarta o que pesou mais foi o segundo destes fatores, o estado da economia mundial. O dólar abriu em alta aqui e seguiu assim o dia todo, com investidores aumentando posições defensivas no mercado futuro. Só nos últimos cinco dias, os estrangeiros aumentaram apostas contra o real, em posições compradas na B3, em US$ 1,7 bilhão. Na mesma estratégia, os fundos de investimento reduziram posições vendidas (que apostam na queda do dólar) em US$ 1,6 bilhão.

Bolsa

O Índice Bovespa foi fortemente contaminado pela aversão ao risco no mercado internacional e fechou em queda de 2,94% nesta quarta-feira, aos 100.258,01 pontos, depois de ter registrado mínima em 99.954,75 (-3,24%), na última hora de negociação.

Com a queda de hoje, o Ibovespa zerou os ganhos que acumulava em agosto, passando a registrar perda de 1,52% no período. Operadores ouvidos pelo Broadcast afirmaram que provavelmente o Ibovespa só não fechou abaixo dos 100 mil pontos porque houve ação de investidores em defesa da marca psicológica, em dia de vencimento de opções sobre o índice e também do Ibovespa futuro. Das 66 ações que compõem a carteira teórica do índice, nenhuma fechou em alta, nem mesmo as exportadoras, que em tese são beneficiadas pela alta do dólar.

As bolsas de Nova York tiveram perdas da ordem de 3% e foram importante referência para os negócios no Brasil, assim como os preços do petróleo, que chegaram a registrar queda de até 5%. Nesse ambiente de temor de desaceleração global, as ações da Petrobras, Vale e siderúrgicas registraram as maiores baixas entre as blue chips. Petrobras ON e PN perderam 3,08% e 3,37%, enquanto Vale ON caiu 3,48%.