Dólar tem viés negativo frente ao real com expectativa por arcabouço fiscal

Dólar tem viés negativo frente ao real com expectativa por arcabouço fiscal

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar estendia suas perdas para uma segunda sessão consecutiva frente ao real nesta quinta-feira, embora caísse a ritmo bem mais lento e mostrasse alguma instabilidade no sinal, com participantes do mercado dando o benefício da dúvida ao novo arcabouço fiscal do Brasil, a ser apresentado pelo governo ainda em março.

Enquanto isso, investidores ficavam à espera de um importante relatório de emprego norte-americano previsto para sexta-feira.

Às 10:06 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,17%, a 5,1306 reais na venda.

Na B3, às 10:06 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,28%, a 5,1545 reais.

O viés negativo do dólar nesta manhã vinha depois de, na véspera, a moeda norte-americana à vista já ter tombado 1,05%, a 5,1391 reais na venda.

“A tentativa do governo de aparecer com a sinalização de conseguir entrar a fundo neste mês no programa de controle de gastos fez o dólar baixar forte”, disse Fabrízio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.

Agentes financeiros têm dado o benefício da dúvida ao plano do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para sustentar as contas públicas, com muitos argumentando que, independentemente do desenho do arcabouço, apenas a maior visibilidade fiscal já colabora para melhorar a confiança de investidores domésticos.

Também tem trazido maior calma aos operadores o recente esfriamento nas tensões entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e o Banco Central, dizem profissionais. No mês passado, ataques do petista ao patamar da taxa Selic, atualmente em 13,75%, geraram forte turbulência no mercado financeiro.

Apesar da desvalorização recente do dólar, Velloni disse que a volatilidade deve ficar mais elevada na reta final desta semana devido à divulgação, agendada para a manhã de sexta-feira, dos dados de emprego do Departamento do Trabalho dos EUA.

A leitura referente a fevereiro será analisada pelas autoridades do Federal Reserve em sua reunião de política monetária de março. Nesta semana, o chair do banco central, Jerome Powell, afirmou que o Fed está disposto a adotar altas de juros mais agressivas, de 0,50 ponto percentual, caso encontre novas evidências de que a economia não está arrefecendo o suficiente para reduzir a inflação.

“O ‘payroll’ pode deixar o mercado bem volátil entre hoje e amanhã, esperando esses números para ter uma direção um pouco mais clara de onde vai a economia e os juros, principalmente nos Estados Unidos”, disse Velloni.

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