Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar começou a semana em alta e muito perto da marca psicológica de 4,80 reais, com a cotação acompanhando de perto nesta segunda-feira as oscilações da moeda norte-americana no exterior, antes de dados de inflação nos EUA e no Brasil e de decisão de política monetária na Europa nos próximos dias.

O dólar à vista subiu 0,38%, a 4,7959 reais na venda.

A divisa até começou os negócios em queda e foi na mínima a 4,7471 reais (-0,64%), mas a partir de então ganhou força até trocar de sinal e alcançar 4,8081 reais, alta de 0,64%.

Lá fora, o índice do dólar frente a uma cesta de rivais de países desenvolvidos ganhava 0,27% no fim da tarde, perto dos maiores níveis do dia, depois de cair 0,3% na mínima.

O fortalecimento do dólar no Brasil e no mundo não por acaso coincidiu com a perda de vigor das bolsas de valores norte-americanas. O índice Dow Jones, que chegou a subir 1,02%, fechou praticamente estável, o que expôs a menor demanda do mercado por ativos de maior risco, como moedas emergentes. [.NPT]

A instabilidade no humor de investidores segue bastante ligada às expectativas para a política monetária dos países centrais. O banco central da zona do euro deve sinalizar na próxima quinta-feira alta de juros, o que pode endossar o caminho traçado atualmente pelo BC dos EUA.

Na sexta, dados de inflação nos EUA podem novamente trazer surpresas e, junto, volatilidade aos preços das taxas de câmbio. Na próxima semana, os BCs norte-americano e brasileiro anunciam decisões de taxas de juros.

O risco de um aperto mais forte nas condições financeiras sobretudo nos EUA tem limitado as avaliações benignas acerca da moeda doméstica, apesar de o Brasil hoje oferecer a maior taxa real de juros entre as principais economias.

“Apesar de esperarmos um ciclo de alta da Selic mais longo do que no início de 2022, acreditamos que as demonstrações mais duras do Fed e a intensificação do tradicional ciclo eleitoral acabarão pesando sobre o real e outros ativos locais daqui para frente”, disseram em revisão de cenário os estrategistas Mauricio Une e Gabriel Santos, do Rabobank. Eles projetam dólar de 5,25 reais ao fim do ano, taxa 9,47% (em termos nominais) acima do fechamento desta segunda.

Em carta mensal de junho, o braço de gestão de recursos do Santander Brasil disse se manter “neutro” na classificação para o real. Os gestores da Santander Asset Management concordam que os juros elevados do Brasil proporcionam um maior diferencial de rendimento a favor da taxa de câmbio, o que, somado ao ciclo “favorável” de commodities, continua a prover suporte a um fortalecimento da moeda brasileira frente ao dólar.

“Porém, a deterioração das condições financeiras globais e os riscos fiscais domésticos podem gerar efeitos negativos sobre o real”, ressalvaram.

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