O dólar chegou a ensaiar queda mais forte nesta sexta, mas o movimento perdeu fôlego na tarde desta sexta-feira, acompanhando o fortalecimento da moeda americana no exterior. O dólar subiu ante divisas fortes e de emergentes, após a divulgação de indicadores mostrando força da economia americana e ainda declarações de Donald Trump de que um acordo comercial com a China “está muito perto”. No mercado à vista, o dólar caiu a R$ 4,17 pela manhã, mas acabou fechando estável, em R$ 4,1929. No mês, a moeda acumula alta de 4,5% e, no ano, de 8,3%.

Operadores ressaltam que o tom de maior prudência nas mesas de câmbio no final da tarde é a típica “cautela antes do fim de semana”. Em meio a dúvidas do que pode ocorrer em locais como Chile, Bolívia, Colômbia e Hong Kong no sábado e domingo, além da possibilidade de tuítes e/ou declarações de Donald Trump e de dirigentes da China, os agentes buscaram refúgio no dólar. Assim, a moeda zerou a queda e ficou operando perto da estabilidade nos minutos antes do fechamento. Pela manhã, operadores detectaram vendas fortes por um fundo.

O sócio e gestor da Absolute Invest, Roberto Serra, ressalta que há nos últimos dias um aumento de otimismo com o Brasil, com bancos recomendando investimentos na bolsa, mas no câmbio o final de ano é sazonalmente marcado por saídas maciças de dólares do Brasil, com empresas remetendo recursos para exterior, por exemplo, para pagar dividendos.

Em novembro do ano passado, houve saídas líquidas de US$ 12,987 bilhões pelo canal financeiro, de acordo com dados do BC. Em dezembro, saíram mais US$ 14,635 bilhões por este mesmo canal. Para Serra, neste ambiente, não há por que o BC intervir no mercado de câmbio para segurar o dólar. Por isso, ele acredita que a instituição não deve fazer nada além do que já faz diariamente, com os leilões de dólares à vista e que tem mantido os indicadores técnicos do mercado de câmbio sob controle. “Não tem anormalidade no mercado.” Para o gestor, o real tem acompanhado o movimento de piora das moedas emergentes, embora em ritmo um pouco mais forte, por causa da frustração com o leilão da cessão onerosa.

O economista para América Latina da Pantheon Macroeconomics, Andres Abadia, ressalta que as saídas sazonais de dólar no final do ano, aliadas com o clima de tensão social na América do Sul, segue contribuindo para manter o câmbio pressionado no Brasil. A expectativa de Abadia é que essa pressão se dissipe no começo de 2020, principalmente porque o movimento de saída de dólares típico do final do ano se reduz.

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