Depois de quatro pregões seguidos de alta, em que acumulou valorização de 3,19%, o dólar recuou na sessão desta terça-feira, 21. A perda de força da moeda americana em relação divisas emergentes pares do real e o arrefecimento das tensões políticas abriram espaço para desmonte de posições compradas em dólar futuro. Afora uma leve alta pela manhã, quando atingiu a máxima de R$ 4,1130, a moeda americana operou o restante do dia em queda e fechou com baixa de 1,35%, a R$ 4,0478, na mínima do pregão.

Para o sócio-diretor da Via Brasil Serviços, Durval Corrêa, o panorama de incerteza política havia alimentado nos últimos dias um movimento especulativo com dólar futuro que não pôde mais ser sustentado.

Passado o pior momento dos atritos entre o presidente Jair Bolsonaro e o Congresso, investidores liquidaram operações compradas para embolsar lucros. “Não havia demanda efetiva de saída de recursos para essa arrancada do dólar. Era mais um movimento especulativo, principalmente por parte dos estrangeiros com base na incerteza política”, afirma Corrêa.

Ao acerto da segunda-feira entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o relator da PEC da Previdência na Comissão Especial da Câmara, Samuel Pereira (PSDB-SP), em torno da manutenção da economia de R$ 1 trilhão com a reforma somou-se nesta terça o acordo entre lideranças partidárias para votação de Medidas Provisórias que ameaçavam caducar, como a MP dos ministérios e a que permite 100% de capital estrangeiro em empresas aéreas.

A leitura é que o Congresso não vai se deixar emparedar pelo governo e tentará assumir o protagonismo na agenda de reformas, de maneira a esvaziar a pauta dos protestos de apoiadores de Jair Bolsonaro contra o Centrão e o Supremo Tribunal Federal (STF), marcados para domingo, 26.

Ao acelerar a votação aprovar a MP dos Ministérios sem a recriação das pastas das Cidades e da Integração Nacional, parlamentares querem desfazer a imagem de que tentam barganhar espaço no governo em troca de votos.

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Além disso, a MP das áreas pode ser apreciada ainda nesta terça tanto na Câmara quanto no Senado. Na segunda à noite, o presidente já havia baixado o tom e dito que, apesar de ter cometido “algumas caneladas”, valoriza o parlamento. Nesta terça, Bolsonaro disse que não vai às manifestações de domingo, ajudando a arrefecer os ânimos.

Ao destravamento da MPs soma-se a percepção de que uma costura política entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), partidos do Centrão e Guedes fará a proposta de reforma da previdência andar no Congresso, embora haja alguma diluição do texto do governo.

Operadores ressaltam que, passado o processo de reversão de posições compradas no mercado futuro, o dólar pode se acomodar na faixa entre R$ 4 e R$ 4,05, caso não haja nova rodada de estresse político ou onda de fortalecimento global da moeda americana.


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