Contrariando o clima de cautela observado na Bolsa e no mercado de moedas internacional, o real teve um dia de fortalecimento e o melhor desempenho mundial, considerando uma cesta de 34 moedas mais líquidas. Entrada de capital estrangeiro e desmonte de posições contra a moeda brasileira no mercado futuro explicam a melhora, ressaltam profissionais das mesas de câmbio. Este movimentos é estimulado pelo fim da novela sobre o Orçamento de 2021, que deve ser sancionado nesta quinta-feira pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, com veto parcial, e leva o câmbio a corrigir exageros recentes. Com isso, a divisa dos EUA caiu a R$ 5,44 na mínima do dia.

No fechamento, o dólar à vista encerrou o dia em baixa de 1,73%, a R$ 5,4546, o menor nível desde 24 de fevereiro, enquanto subiu em emergentes como México e África do Sul. No mercado futuro, o dólar para maio cedia 2,09%, cotado em R$ 5,4530 às 17h36.

Apesar do Orçamento ter deixado R$ 125 bilhões em recursos fora do teto e do alerta nesta quinta da agência Moody’s de que isso é negativo para o perfil de crédito para o Brasil, a visão entre participantes do mercado é que o impasse chega ao fim e abre caminho para a agenda de reformas, incluindo as microeconômicas, prosseguir. “A saga do orçamento parece ter chegado ao fim”, afirma o economista para América Latina da consultoria inglesa Pantheon Macroeconomics, Andres Abadia.

Abadia destaca que é preciso agora monitorar os próximos número da pandemia, para ver se mais pressão para gastos públicos virão. O economista espera uma atividade econômica mais aquecida na segunda metade do ano, com o avanço da vacinação, mas este cenário também depende da evolução da pandemia, além do cenário fiscal e do ambiente político. “Os mercados estão monitorando de perto cada movimento para avaliar a determinação do governo de ajustar as contas fiscais.”

Nesse ambiente, abril tem sido marcado pela volta de aportes externos no Brasil e também por maior fluxo comercial, influenciado pela venda da safra agrícola a preços mais altos, destaca um gestor de multimercados. O real, ressalta este profissional, estava muito atrasado em relação a outras moedas e vem recuperando algum terreno. O ambiente de taxas mais comportadas de retornos (yields) dos juros longos americanos também ajuda.

Dados divulgados nesta quinta-feira pelo Banco Central mostram que o fluxo cambial está positivo no mês em US$ 747 milhões até o dia 16. Pelo comércio exterior entraram US$ 1,4 bilhões no período, de forma líquida. Mais recentemente, o canal financeiro também tem atraído mais capital. Na B3, por exemplo, no último dia 19, houve entradas de R$ 2,2 bilhões de estrangeiros.

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