O dólar acelerou o ritmo de queda pela tarde e fechou em baixa de 0,48%, a R$ 3,7164. O real foi uma das moedas que mais ganharam valor ante a divisa dos Estados Unidos nesta terça-feira, 19, atrás do rublo da Rússia e do rand da África do Sul. Profissionais do mercado de câmbio relatam que uma série de fatores contribuiu para o recuo das cotações nesta terça, incluindo o enfraquecimento do dólar no exterior, tanto ante divisas de emergentes como países desenvolvidos, expectativa da entrega da reforma “robusta” da Previdência nesta quarta no Congresso e o fim do episódio envolvendo o agora ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, com a leitura de que a crise pode não ter impacto na aprovação da reforma. Outro fator, segundo operadores, foi a entrada de fluxos externos, após o mercado fechado na segunda por causa do feriado nos EUA.

A moeda americana novamente chegou perto de R$ 3,70, mas não conseguiu cair abaixo desse valor, que virou uma resistência técnica. O último pregão que fechou abaixo desse patamar foi no dia 5. Pela manhã, a moeda bateu em R$ 3,74, a máxima do dia, momento em que o dólar também subia no exterior. Na parte da tarde, após relatos da imprensa internacional de que as negociações comerciais entre China e Estados Unidos foram retomadas em Washington e, mais importante, as autoridades americanas estariam pressionando a delegação chinesa para preservar a estabilidade do yuan, fizeram o dólar cair forte no exterior. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar ante uma cesta de divisas fortes, cedia 0,40%, um das maiores quedas dos últimos dias. A moeda americana também caiu forte ante o rublo da Rússia (-0,67%) e o rand sul-africano (-0,53%).

“Com a exoneração de Bebianno, o mercado se livrou do foco na questão mais política e começou a se concentrar na entrega da reforma da Previdência ao Congresso”, destaca o operador da CM Capital Markets, Thiago Silencio. O economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita, ex-diretor do Banco Central, prevê que a aprovação desta reforma no Congresso será um “processo de vários meses” e episódios de curto prazo, como o de Bebianno, não devem ter efeitos prolongados suficientes para afetar a aprovação do texto. Mesquita acredita que Bolsonaro vai conseguir aprovar um texto no segundo semestre que gere economia fiscal ao redor de R$ 550 bilhões em 10 anos.

Caso Bolsonaro consiga aprovar um texto com maior economia fiscal, a confiança dos agentes e os ativos financeiros vai melhorar em ritmo mais forte, destaca o economista do Itaú. O banco prevê que o dólar deve chegar ao final do ano em R$ 3,80, mas o valor pode ser menor dependendo da profundidade da reforma da Previdência. A perspectiva do banco é que nesta quarta Bolsonaro apresente no Congresso uma proposta “ambiciosa” e “robusta” da Previdência, com economia fiscal de US$ 1,05 trilhão, mas que pode ser desidratada ao longo da tramitação entre os parlamentares.


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