O dólar apresentou valorização generalizada nesta segunda-feira, 2, apoiado por indicadores acima do esperado da economia americana, além de atuar como um ativo de segurança em meio à escalada do embate comercial envolvendo os Estados Unidos e seus parceiros comerciais.

No fim da tarde em Nova York, o dólar subia para 110,86 ienes; o euro recuava para US$ 1,1621; e a libra cedia para US$ 1,3133. Já o índice DXY, que mede a moeda americana contra uma cesta de outras seis divisas fortes, encerrou o dia em alta de 0,42%, cotado a 95,035 pontos.

“O dólar se fortaleceu novamente hoje, refletindo, principalmente, as preocupações quanto a uma guerra comercial global. Mas, mesmo que essas preocupações diminuam, duvidamos que o rali do dólar seja revertido até que o ciclo de aperto do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) termine”, comentou o economista Oliver Jones, da Capital Economics. No fim de semana, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que não irá recuar em relação às tarifas sobre produtos chineses e fez críticas à União Europeia, ao dizer que o bloco é “tão ruim quanto a China, apenas menor” em relação a comércio.

O euro foi afetado pelos comentários de Trump, mas, também, por questões envolvendo a política alemã. Ao longo do dia, a moeda única sofreu com o impasse em torno da imigração na Alemanha, com a possibilidade de saída do ministro do Interior, Horst Seehofer, o que ameaçaria o governo da chanceler Angela Merkel. No fim da tarde, porém, os dois chegaram a um acordo e o ministro permanecerá no cargo.

Na avaliação do Rabobank, as questões comerciais devem continuar favorecendo o dólar. “Alguns questionam o status da moeda americana como um refúgio devido aos déficits orçamentários e comerciais dos EUA, mas a liquidez associada ao dólar significa que, para alguns investidores, a moeda sempre será um ativo seguro”, disseram estrategistas do Rabobank. Além disso, para o banco, os diferenciais das taxas de juros dos EUA e do Japão devem continuar favorecendo o dólar, e não o iene, dado que “o Fed é o banco central mais hawkish do G-10”.

Na agenda de indicadores, destaque para o índice de atividade industrial elaborado pelo Instituto para Gestão de Oferta (ISM), que subiu de 58,7 em maio para 60,2 em junho, enquanto havia expectativa de queda para 58,1. Para os analistas do Barclays, o avanço do indicador “é consistente com outros dados recebidos que apontam para um crescimento robusto da atividade no segundo trimestre”.

O dólar também subiu contra uma ampla gama de moedas de mercados emergentes, ainda apoiado pela turbulência no cenário comercial global. No fim da tarde, a divisa americana era cotada a 63,506 rublos russos e 13,8795 rands sul-africanos. Houve, também, valorização em relação ao peso mexicano após a vitória do candidato de esquerda Andrés Manuel López Obrador e o dólar subia para 19,9808.

“As tensões comerciais este ano realmente tiraram o tapete dos mercados emergentes e o movimento de hoje é uma continuação dessa tendência”, disse o diretor global de estratégia de câmbio para mercados emergentes do banco Brown Brothers Harriman, Win Thin.

Já na comparação contra o peso argentino, a moeda americana perdeu a briga, após a imprensa argentina informar que o Tesouro ofertará um novo título em dólares, com prazo de um ano, que poderá ser subscrito na moeda americana, em pesos ou com Letras do Banco Central (Lebacs). A oferta deverá ser feita amanhã e a expectativa é de que a demanda ficará entre US$ 2 bilhões e US$ 2,5 bilhões. No fim da tarde, o dólar recuava para 28,2835 pesos argentinos.