O dólar fechou em alta nesta quarta-feira, 13, seguindo o comportamento da divisa no exterior e alguma cautela interna, embora tenha desacelerado os ganhos à tarde em meio a uma continuidade na perspectiva de fortalecimento do governo. Especialistas do mercado salientaram ainda um tom positivo em relação à expectativa de que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, seja candidato a presidente nas eleições de 2018.

Um gerente de mesa de derivativos apontou que a interpretação do mercado de que o presidente Michel Temer saiu fortalecido após os últimos áudios envolvendo os executivos da J&F – conhecidos no dia 4 de setembro e que levaram à prisão do empresário Joesley Batista – continua contribuindo para a percepção de retomada das reformas, principalmente a da Previdência.

Segundo ele, as novas acusações contra Temer tiveram efeito nulo no mercado “porque até serem levadas para votação no Senado e serem provadas pode demorar e a votação da reforma da Previdência deve vir antes”, pontuou o gerente. Foi divulgado hoje que o corretor Lúcio Bolonha Funaro disse, em seu acordo de colaboração premiada, que o presidente Temer dividiu com Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), ex-homem forte de seu governo, propina da Odebrecht.

De acordo com o diretor de câmbio da Abrão Filho, Fernando Oliveira, contribuiu para uma desaceleração do dólar o fato de o líder do PSD na Câmara, Marcos Montes (MG), dizer que a legenda convidou o ministro da Fazenda para ser candidato à Presidência em 2018.

“Embora Meirelles tenha negado, o mercado tem estimado que sua candidatura tem ganhado força. Ainda é muito cedo para um anúncio, uma vez que abre espaço para críticas”, explicou o diretor. De acordo com profissionais do mercado, o fato de Meirelles ter negado pode estar relacionado à intenção de não tirar o foco da votação da reforma da Previdência que, segundo o ministro, deve acontecer em outubro.

A moeda americana operou em alta praticamente todo o dia. A força maior veio do exterior depois que o presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Paul Ryan, disse que a apresentação do projeto de reforma tributária deve ocorrer em 25 de setembro.

Ainda assim, cautela com o cenário interno prevalece e o patamar de R$ 3,13 é considerado confortável para casos de reviravoltas. Durante todo o dia, esteve no radar do mercado, ainda que em segundo plano, o depoimento do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva ao juiz federal Sergio Moro.

No mercado à vista, o dólar fechou em alta de 0,35%, aos R$ 3,1385. O giro financeiro somou US$ 1,46 bilhão. Na mínima, a moeda ficou em R$ 3,1230 (-0,14%) e, na máxima, aos R$ 3,1426 (+0,47%).

No mercado futuro, o dólar para outubro subiu 0,32%, aos R$ 3,1415. O volume financeiro movimentado somou US$ 14,18 bilhões. Durante o pregão, a divisa oscilou de R$ 3,1285 (-0,09%) a R$ 3,1490 (+0,55%).