O dólar apresentou avanço generalizado nesta quinta-feira, 19, à medida que os agentes do mercado começaram a avaliar a possibilidade de uma elevação mais acelerada nos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) diante de um cenário de preços de commodities mais altos.

Próximo ao horário de fechamento das bolsas em Nova York, o dólar subia para 107,42 ienes, enquanto o euro recuava para US$ 1,2350 e a libra cedia para US$ 1,4088.

A perspectiva de que a inflação nos EUA ganhará força nos próximos meses voltou ao radar dos investidores. A sinalização dada pelo Livro Bege, na quarta-feira, de que os preços do aço e do alumínio devem aumentar após a implementação de tarifas pelo governo de Donald Trump continuou a fazer efeito nos mercados, que monitoram a possibilidade de inflação mais alta em solo americano no futuro. Além disso, os contratos futuros de petróleo no maior nível em mais de três meses também contribuíram para a sensação de que haverá uma aceleração no aumento de preços.

“O aspecto desconcertante do movimento foi a variedade de explicações oferecidas para a correção no mercado de bônus”, disseram os estrategistas Ian Lyngen e Aaron Kohli, do BMO Capital Markets. Para eles, as preocupações com a inflação vistas no Livro Bege e os preços das commodities foram os principais motivos para a subida dos rendimentos dos títulos públicos americanos, que puxaram para cima o dólar.

Também foram monitorados discursos de dirigentes do Fed. A diretora Lael Brainard, tradicionalmente alinhada à visão “dovish” (favorável a juros mais baixos), afirmou que os números atuais dos preços nos EUA mostram que a inflação parece “bem ancorada” atualmente. Já o presidente da distrital de Nova York, William Dudley, disse na quarta-feira que a perspectiva econômica positiva em solo americano pede mais elevações de juros.

O movimento do Fed contrasta com o cenário traçado por outros grandes bancos centrais. Na avaliação do presidente do Banco da França, François Villeroy de Galhau, que integra o conselho diretivo do Banco Central Europeu (BCE), encerrar as compras de ativos em setembro ou em dezembro “não é uma questão existencial profunda”. Já o presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Mark Carney, pediu que as pessoas se preparem para mais algumas altas no juro básico “nos próximos anos”, mas condicionou o ritmo de aperto às negociações do Brexit.