O dólar se valorizou ante rivais nesta terça-feira, com o apetite por risco renovado após a decisão dos Estados Unidos de isentar alguns produtos das tarifas impostas à China e de adiar a sua aplicação a outros bens. Ao mesmo tempo, o Ministério do Comércio da China (MofCom) informou que as negociações entre os dois países estão ativas e devem continuar nas próximas duas semanas, indicando melhora no ambiente de negociações entre as duas maiores economias do mundo. Na Argentina, porém, o peso voltou a ser penalizado pelas incertezas políticas.

Perto do horário de fechamento em Nova York, o dólar subia a 106,67 ienes, enquanto o euro caía a US$ 1,1178 e a libra, a US$ 1,2059. O índice DXY, que compara a moeda americana a uma cesta de outras seis divisas fortes, fechou em alta de 0,44%, a 97,812 pontos.

O Escritório do Representante Comercial (USTR, em inglês) dos EUA divulgou um comunicado informando que alguns produtos serão removidos da lista de tarifa de 10% sobre US$ 300 bilhões em bens chineses, prevista para entrar em vigor a partir de 1º de setembro. Além disso, o órgão informou que a tarifação sobre eletrônicos, como celulares e computadores, será adiada para 15 de dezembro. A decisão ainda será detalhada, mas o Wells Fargo projeta que cerca de 60% das tarifas foram adiadas, com o anúncio.

O comunicado do USTR foi publicado logo após o Ministério do Comércio da China (MofCom) declarar que as negociações com os EUA têm acontecido e que o vice-premiê do país, Liu He, conversou com o representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin. “As duas partes concordaram sobre fazer um novo telefonema nas próximas duas semanas”, informou a entidade.

O ambiente de busca por risco deu força ao dólar ante moedas consideradas mais seguras, como o iene e o franco suíço, mas reduziu sua força contra moedas emergentes, como o peso mexicano e o rand sul-africano.

O peso argentino, porém, seguiu sua desvalorização ante o dólar, apesar dos leilões cambiais de US$ 150 milhões de dólares promovidos pelo Banco Central da República Argentina (BCRA) nesta tarde. Investidores ainda reagem mal ao fato de que o presidente Mauricio Macri se saiu mal nas primárias de domingo, prenúncio de que pode perder o poder para o oposicionista Alberto Fernández, que tem Cristina Kirchner como companheira de chapa. Fernández disse que deseja evitar um default, mas quer renegociar os termos do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Nesse quadro, estrategista do Morgan Stanley alertam em relatório para o risco de mais fraqueza à frente para os ativos argentinos, com o peso pressionado pela política antes do primeiro turno presidencial, marcado para 27 de outubro.

Já o yuan se desvalorizou ainda mais em relação ao dólar após o Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) fixar a moeda americana em 7,0326 yuans, acima da marca psicológica de 7 yuans pela quarta sessão consecutiva.