O dólar dos Estado Unidos alcançou neste fim de semana a cotação de 150 pesos cubanos no mercado informal, a más alta desde a década de 1990, quando a ilha afundou em uma de suas primeiras crises econômicas após o colapso do bloco soviético.
“Pela primeira vez, desde a década de 90, o dólar alcança o valor de 150 pesos cubanos, segundo os valores de referência de nossa Taxa Representativa do Mercado Informal”, indicou o meio independente El Toque, que publica todos os dias uma tabela de câmbio extraoficial.
Segundo o meio, a moeda americana e o euro alcançaram na sexta-feira os 150 pesos, enquanto o MLC, moeda virtual com a qual operam os cubanos nas lojas em divisa estrangeira, chegou a 149 pesos.
Na tentativa de captar divisas e frear a depreciação da moeda cubana, o Banco Central iniciou em agosto a compra e a venda de dólares e euros nas casas de câmbio estatais a uma paridade fixa de 120 pesos, a mesma cotação do mercado informal naquele momento.
“Agora, como antes, a taxa de câmbio é um reflexo da contração da atividade produtiva nacional, da escassez, dos desequilíbrios monetários e da desesperança”, disse à AFP o economista cubano Pavel Vidal, acadêmico da Pontifícia Universidade Javeriana da Colômbia.
O valor do dólar disparou no mercado informal a partir de janeiro de 2021, quando o governo aplicou uma reforma financeira e fixou seu preço em 24 pesos por unidade.
Desde então, teve início um processo inflacionário que, segundo os números oficiais, alcançou 70% de aumento nos preços no fim de 2021.
“É compreensível o desespero do governo cubano para obter divisas para poder pagar pelas importações e apoiar a retomada da atividade produtiva. No entanto, o mercado de câmbio não é o caminho”, opina Vidal.
A taxa fixa em 120 pesos, como está sendo mantida, “não vai funcionar em uma economia que continua sofrendo uma crise na balança de pagamentos e que tem sua recuperação comprometida devido aos problemas no sistema de geração de energia”.
O especialista acrescentou que o caminho é “transitar logo para um regime de flutuação administrada da taxa de câmbio”.
Cuba atravessa sua pior crise desde a década de 1990, com escassez de alimentos, remédios e apagões constantes.