Dólar fecha em leve queda com menor fôlego da moeda no exterior

Dólar fecha em leve queda com menor fôlego da moeda no exterior

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar oscilou ao longo de todo o pregão desta segunda-feira, mas acabou fechando as operações no mercado à vista em queda apenas leve. A aceleração das perdas da moeda no exterior na parte da tarde ajudou a atrair vendas por aqui, mas o mercado evitou embarcar numa ampla busca por risco ainda sob cautela depois da divulgação de fracos dados da China.

O dólar spot caiu 0,14%, a 5,0507 reais na venda, menor valor desde 5 de maio (5,0166 reais).

Na B3, às 17:25 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,15%, a 5,0805 reais.

“O real provavelmente será negociado lateralmente (intervalo de 5,03 reais a 5,30 reais)”, disseram em relatório estrategistas do Société Générale.

De fato, a divisa tem operado dentro de uma faixa delimitada por fortes suportes e resistências. Na ponta de cima estão a média móvel de 100 dias (em torno de 5,15 reais) e as taxas perto de 5,16 reais e 5,23 reais –níveis de retrações de Fibonacci, ferramenta de análise técnica. Embaixo, há suportes na casa de 5,02 reais e 4,99 reais.

A máxima e mínima recente do dólar estão em 5,2110 reais (de 12 de maio) e 5,0314 reais (-0,52%), desta segunda-feira.

Na máxima, alcançada ainda pela manhã, a cotação foi a 5,105 reais, alta de 0,93%. Mas a partir do começo da tarde ativos que se beneficiam da demanda por risco começaram a se recuperar no exterior.

O dólar australiano, por exemplo, que chegou a cair quase 1% na sessão, no fim da tarde subia 0,4%. O índice do dólar frente a uma cesta de divisas fortes caía 0,3%, após subir 0,2% na máxima.

O real compartilha com a moeda australiana um maior beta –ou seja, maior sensibilidade– à China, cujos dados mais cedo não trouxeram bons presságios. As atividades de varejo e industrial no país caíram acentuadamente em abril, com os extensos bloqueios contra a Covid-19 confinando trabalhadores e consumidores em suas casas.

Dados fracos no país –voraz consumidor de commodities e maior destino das exportações brasileiras– são vistos como sinal de menor dinamismo econômico em todo o mundo, o que eleva os já presentes riscos de recessão global ou mesmo estagflação –cenário em que o dólar se fortalece.

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, disse em evento nesta segunda-feira que a recente depreciação do real refletiu impacto da desaceleração da China, que enfrenta uma onda de Covid-19, e do aperto monetário implementado nos Estados Unidos –com efeito maior da China–, ponderando haver incertezas no médio prazo.

“Um dólar forte, um Fed ‘hawkish’ (duro na política monetária) e riscos globais de estagflação, bem como piora nos termos de troca e riscos fiscais persistentes, manteriam o real mais fraco”, disseram em relatório estrategistas do Société Générale.

Eles ponderam, contudo, que o Banco Central deve continuar a elevar os juros, deixando a taxa em 13,75% (está em 12,75%), o que deve oferecer “algum suporte” ao real.

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