SÃO PAULO (Reuters) – O dólar começou o último trimestre do ano em queda ante o real, capturando o ajuste de baixa da moeda norte-americana no exterior, mas aqui a cotação devolvia apenas parcialmente os ganhos recentes e mantinha-se acima dos 5,40 reais, evidência do prêmio de risco maior cobrado pelo investidor diante do combo de riscos.

O dólar acumulou alta de 3,11% nas últimas sete sessões, mais longa série de ganhos desde os oito pregões de aumento entre o fim de junho e início de julho. O preço do ativo repercutiu a combinação de deterioração do sentimento externo, com riscos em torno da China e das políticas monetária e fiscal dos EUA, e persistente temor de aventuras com as contas públicas no Brasil num momento de inflação resistentemente forte e em ascensão.

Estudo do Barclays mostra que o real é uma das moedas mais vulneráveis a altas nos juros reais nos EUA e a uma liquidação nos mercados acionários.

Mas nesta sexta Wall Street indicava alguma estabilização, após mais um dia negativo na véspera. O índice do dólar contra uma cesta de moedas cedia 0,26%, depois de cravar máximas em um ano.

No plano doméstico, o mercado seguia atento a notícias sobre termos para uma possível extensão do auxílio emergencial –o que na véspera azedou o humor dos investidores– e debates acerca de medidas para tratar do aumento dos preços dos combustíveis.

Em uma rede social, o presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou ter se reunido com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente Jair Bolsonaro nesta manhã para discutir ambos os temas e que “conversas e tratativas” seguirão pelo fim de semana.

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À frente, estrategistas do Citi veem algum espaço para trégua no câmbio.

“As ofertas adicionais (de swaps cambiais) pelo BCB para conter os impactos do desmonte do ‘overhedge’ são positivas. No geral, acreditamos que o real deve ser negociado em linha com seus pares no curto prazo”, afirmaram em relatório nesta sexta-feira.

Às 9h37 desta sexta, o dólar à vista cedia 0,41%, a 5,4274 reais. Na véspera, havia subido 0,36%, a 5,4496, patamar mais alto em cinco meses. A moeda só não fechou em valorização mais forte porque o Banco Central interveio ao vender meio bilhão de dólares em contratos de swap cambial tradicional, na primeira operação do tipo anunciada no decorrer da sessão desde julho.

O real terminou o terceiro trimestre com o segundo pior desempenho numa lista de pares emergentes, à frente apenas do peso chileno.

(Por José de Castro)

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