SÃO PAULO (Reuters) – Em um dia marcado pela disputa de investidores pela formação da Ptax de fim de trimestre, o dólar à vista fechou em baixa pela sexta sessão consecutiva ante o real, ainda refletindo a percepção de que o Brasil é um bom destino para investimentos em função do diferencial de juros.

Até o início da tarde, a disputa pela Ptax entre comprados (investidores posicionados na alta do dólar) e vendidos (posicionados na baixa) deu o tom dos negócios, ampliando a volatilidade.

Com a Ptax definida, a moeda norte-americana se manteve no território negativo até o fim do dia, mantendo sua tendência mais recente ante o real.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,0698 reais na venda, em queda de 0,55%. Nas últimas seis sessões, a moeda norte-americana acumulou baixa de 4,16%.

A Ptax desta sexta-feira –que servirá como referência para a liquidação dos contratos futuros no início de abril– foi cotada a 5,0804 reais na venda.

Na B3, às 17:28 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,34%, a 5,0805 reais.

Pela manhã, o dólar chegou a marcar a cotação máxima de 5,1105 reais (+0,25%) às 9h26, com os comprados pressionando pela alta da moeda norte-americana, de olho na Ptax. Às 12h24, porém, a divisa marcou a mínima de 5,0555 (-0,83%), com os vendidos dando o tom dos negócios.

“Quem queria Ptax baixa vinha com vantagem em função dos recuos nos últimos dias. E fez a Ptax baixa”, pontuou Cleber Alessie Machado, gerente da mesa de Derivativos da Financeiros da Commcor DTVM.

Passado o período de definição da Ptax, o dólar ficou mais livre para flutuar, mantendo-se com a tendência dos últimos dias. Por trás do sinal negativo ainda estava a percepção de que o Brasil, com uma Selic (a taxa básica de juros) a 13,75% ao ano, segue atrativo para investimentos, considerando que a expectativa é de juros não tão elevados nos Estados Unidos.

“O carry trade está legal, a bolsa em dólar ainda está descontada, isso tudo favorece a baixa do dólar”, comentou Machado. Em operações de carry trade, agentes tomam empréstimos em países com taxas de juros baixas e aplicam os recursos em praças mais rentáveis, como o Brasil.

O recuo do dólar ocorreu nesta sexta-feira a despeito de a bolsa ter caído e os juros futuros terem subido, em meio a avaliações de que o arcabouço fiscal, lançado na quinta-feira pelo governo Lula, ainda não soluciona os problemas fiscais do país.

O dólar também cedeu ante o real na contramão do exterior, onde a moeda norte-americana sustentava ganhos ante uma cesta de moedas.

Às 17:28 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,36%, a 102,600.

Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de maio.

(Por Fabrício de Castro)

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