Dólar à vista cai 0,32%, a R$ 5,3348, com maior apetite externo por risco

O dólar frente ao real encerrou o último pregão de novembro em queda, devolvendo parte da alta da véspera. A divisa caiu 0,32%, cotada a R$ 5,3348, após oscilar entre mínima de R$ 5,3245 e máxima de R$ 5,3570, em sessão de liquidez reduzida pela combinação do pregão mais curto em Nova York, na ressaca do feriado de Ação de Graças, com a disputa pela última taxa Ptax de novembro e a rolagem de contratos futuros.

Como já se observava pela manhã, o real acompanhou o bom desempenho de pares emergentes, em meio à expectativa crescente de corte de juros pelo Federal Reserve em dezembro e ao enfraquecimento do índice DXY. A melhora do sentimento global e a busca por ativos de maior risco favoreceram moedas de países como Brasil, Colômbia e China, enquanto o fluxo estrangeiro para a Bolsa brasileira, com o Ibovespa batendo recorde, reforçou o suporte ao real.

Para Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, o movimento combina correção técnica e o impacto do cenário externo. “Ontem o dólar subiu um pouco e nesta sexta-feira, 28, vimos uma desaceleração, muito ligada a fatores técnicos de fechamento de mês e à correção dessas altas recentes”, afirmou.

Para Anilson Moretti, head de câmbio da HCI Advisors, o pregão também foi marcado por forte movimentação ligada à rolagem de contratos futuros e à formação da Ptax, em um ambiente de maior fluxo para a Bolsa.

Moretti lembra que o Caged abaixo do esperado, a tramitação de incentivos para dividendos, a pauta fiscal em discussão no governo e no Congresso e a decisão da Moodys de manter o rating do Brasil estável observados nesta semana também compõem o pano de fundo do mercado de câmbio. Na sua avaliação, a combinação de fluxo, juros elevados e quadro externo mais benigno abre espaço para o dólar buscar o nível de R$ 5,30 e até R$ 5,25 em dezembro.

Na mesma linha, o especialista em investimentos da Nomad, Bruno Shahini, destaca que o último pregão de novembro foi marcado por melhora do sentimento global e maior apetite por risco, tanto no Brasil quanto no exterior. “O bom desempenho das moedas emergentes ao longo da semana reforçou o movimento favorável ao real”, afirmou, por meio de nota.

Ainda no front local, operadores seguem atentos à discussão fiscal e ao ambiente político mais tenso, com a derrubada de vetos à Lei do Licenciamento Ambiental, dúvidas em torno da indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF) e pressões por emendas parlamentares. A avaliação predominante é que esses fatores limitam uma apreciação mais intensa do real, mesmo em um quadro de dólar globalmente mais fraco e de fluxo positivo para ativos domésticos.