Os ministros da Economia, Óscar Ortiz, e do Trabalho, Óscar Mercado, anunciaram nesta segunda-feira (28) sua saída do governo de transição da Bolívia, depois que o primeiro revelou profundas diferenças com outro colega de gabinete.

Ortiz disse em coletiva de imprensa que não se demitiu voluntariamente. “Entendo que já decidiram (no governo) designar outra pessoa, por isso vim justamente hoje limpar meu escritório”, declarou após apontar divergências com o ministro de Governo (Interior), Arturo Murillo.

Segundo Ortiz, o desentendimento com Murillo se deve à decisão da presidente de direita, Jeanine Áñez, de devolver semanas atrás as ações da empresa estatal de eletricidade ELFEC, da região de Cochabamba (centro), aos seus antigos sócios privados.

Já o ministro do Trabalho anunciou sua demissão no Twitter. “Com a satisfação de dever cumprido, apresento minha renúncia” ao gabinete da presidente Áñez “a quem agradeço a oportunidade que me deu de servir ao meu país”, escreveu Mercado.

Áñez anunciou há duas semanas a devolução de ações do ELFEC a uma empresa privada, a Cooperativa de Telefones de Cochabamba. A empresa elétrica havia sido nacionalizada pelo ex-presidente de esquerda Evo Morales em maio de 2010.

Ortiz afirmou que não estava “disposto a assinar nenhum decreto que vá contra a ordem jurídica ou que não tenha suficiente suporte legal”.

Murillo, em outra coletiva de imprensa, reconheceu que “este assunto do ELFEC realmente gerou muitos atritos” e criticou Ortiz. “Em mim, nenhuma ideologia manda, nenhum poder, em mim quem manda é o povo”, disse o ministro de Governo.

Áñez e seu governo substituíram Morales em novembro de 2019, até que se realizem novas eleições gerais, previstas para 18 de outubro.