O governo da República Democrática do Congo (RDC) anunciou nesta segunda-feira (4) a detenção de dois militares, após a morte de quase 50 pessoas na repressão violenta de um protesto contra a ONU.

Um comandante de brigada da Guarda Republicana e um comandante de regimento foram presos, disse o ministro do Interior congolês, Peter Kazadi, nesta segunda-feira.

“Eles foram presos e um julgamento será organizado nas próximas horas para estabelecer quem foi o responsável”, disse aos repórteres em Goma.

Na última quarta-feira, soldados congoleses impediram uma seita religiosa de realizar uma manifestação contra as forças de manutenção da paz das Nações Unidas na cidade de Goma, no leste do país.

Um documento interno do Exército, consultado pela AFP e verificado por autoridades de segurança, indica um balanço de 48 civis mortos, além de um policial morto pelos manifestantes.

Em um comunicado, o movimento pró-democracia Luta, nascido em Goma e muito ativo na RDC, aplaudiu a detenção dos dois oficiais, mas pediu a prisão do governador militar da província, do responsável da polícia de Goma e de “soldados comuns envolvidos neste massacre”.

O coletivo afirmou “exigir a libertação imediata de dezenas de sobreviventes atualmente detidos, assim como de ativistas presos por terem denunciado” este massacre.

Os grupos armados causam estragos no leste da RDC há três décadas, um legado das guerras regionais que eclodiram nas décadas de 1990 e 2000.

A missão de manutenção da paz da ONU na região é uma das maiores e mais caras do mundo, com um orçamento anual de cerca de 1 bilhão de dólares (4,9 bilhões de reais na cotação atual), mas as Nações Unidas também são fortemente criticadas por sua ineficácia na prevenção de conflitos.

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