O general Augusto Heleno está doente: ninguém que esteja em pleno equilíbrio emocional e psíquico lamenta, como ele lamentou, que um adversário político ou oponente ideológico encontre-se em boa saúde.

Ninguém em estado saudável faz isso. Somente alguém que, de fato, esteja gravemente perturbado – e a perturbação de Augusto Heleno é a derrota do bolsonarismo nas eleições.

Ao conversar com apoiadores do presidente-café-frio Jair Bolsonaro, o general da reserva Augusto Heleno, que comanda o Gabinete de Segurança Institucional, declarou que Lula “infelizmente” não está doente, e que “infelizmente” o presidente eleito está saudável. Absurdo total. Espírito de vingança!

Augusto Heleno é mau perdedor, mostra com isso que é antidemocrático. Mas tudo bem! Ele conseguiu entrar para a história como autor da mais nociva e deseducada frase já pronunciada na República Brasileira. A sua participação política será nota de pé de página; a sua biografia, idem.

Ao general, caso não estivesse ele com a consciência obnubilada pela raiva e pelo ódio, características de antidemocratas e daqueles que não toleram frustrações, valeria a pena tentar explicar que existe no Brasil uma Constituição que tem de ser respeitada, e que ela prevê eleições periódicas, voto secreto e sufrágio universal. E o Poder Judiciário vem sendo brilhante ao fazer valer a Carta Máxima.

A Constituição diz o óbvio por saber que existem na praça pessoas com a mente confusa. É preciso aprender, general: nas eleições quem vence leva. É simples: os idos do estado de exceção de 1964 já viraram pó, general.

O general Augusto Heleno teria acrescentado que Lula é cachaceiro e que nas mãos de cachaceiro as coisas não podem dar certo.

Primeiro: Lula não é cachaceiro.

Segundo: tem cachaceiro muito mais lúcido do que muita gente que se acha sóbria, não é?

Eis um bom exemplo, general. O ex-vice-primeiro-ministro britânico Winston Churchill, que entrou para a história mundial pela porta da frente, dizia: “eu tirei muito mais do álcool do que o álcool tirou de mim”.

Mais ela falava: “Minha regra de vida determinava como um rito absolutamente sagrado fumar charutos e também beber álcool antes, depois e, se necessário, durante todas as refeições e também nos intervalos entre elas”.
O democrata Churchill foi fundamental para derrotar fascistas e nazistas na II Guerra Mundial.