A cantora Gretchen, de 64 anos, realizou nesta terça-feira, 20, uma histerectomia (cirurgia de remoção do útero), após o diagnóstico de adenomiose. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que uma em cada dez mulheres no mundo sofre com a doença, que se assemelha aos sintomas da endometriose, ocasionando cólica forte, fluxo menstrual aumentado, dores nas relações sexuais e, em alguns casos, infertilidade ou disfunção completa do útero. 

Luiz Fernando Pina, ginecologista especialista em reprodução humana e endometriose e fundador da clínica Baby Center Medicina Reprodutiva, explica que adenomiose é a presença de endométrio ou glândulas endometriais na musculatura do útero (miométrio). “Não se sabe exatamente a causa, mas traumas uterinos como curetagem, por exemplo, podem favorecer o surgimento da doença. Estudos ainda mostram que algumas alterações genéticas também podem predispor à adenomiose.”

A doença é alimentada pelos hormônios ovarianos, por isso, não aparece e não evolui na menopausa. No caso de Gretchen, o diagnóstico foi consequência de estímulo hormonal ao uso de esteroides anabolizantes. “Esses estímulos também aumentam a massa muscular do corpo, e como o útero tem fibras musculares, fez com que o útero crescesse”, esclarece a médica da artista, Anamarya Rocha, ginecologista endócrina, também especialista em estética íntima e sexualidade, da clínica JK Estética Avançada.

Após o diagnóstico, a paciente é submetida ao tratamento clínico com alternativas hormonais, como anticoncepcionais, para bloqueio da menstruação. Em casos extremos, a histerectomia é recomendada como solução.

“A Gretchen só foi submetida à retirada do útero porque o tratamento clínico dela falhou e o útero já estava muito grande. A cirurgia é indicada quando todas as opções terapêuticas conservadoras (medicamentosas) falharam, ou quando o útero cresce de maneira a pressionar toda a pelve feminina”, finaliza Anamarya.