Doença pouco conhecida faz 20% das mulheres sofrerem além do normal em seus ciclos menstruais

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Um ciclo menstrual pode ser debilitante — cólicas, anemia e fadiga crônica são alguns dos males que acometem mulheres todos os meses. No entanto, sintomas como dor e perda sanguínea em excesso podem ser a indicação de algo mais grave — e não devem ser normalizados.

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A adenomiose pode ser a causa do agravamento de sintomas da menstruação. A doença ocasiona um espessamento da parede do útero e afeta uma em cada cinco mulheres. A adenomiose pode ser tão dolorosa quanto a endometriose — ou pior —, principalmente porque nem sempre é diagnosticada. Eisen Liang, médico especialista em radiologia, explica à “Women’s Agenda”: “é uma condição pouco conhecida que pode causar menstruações intensas e dolorosas. Conscientização e suspeita clínica [feita pelos médicos] são as chaves para se chegar a um diagnóstico precoce”. 

Em média, a doença pode levar de nove a 12 anos para ser diagnosticada corretamente, e um equívoco comum é acreditar que ela afeta apenas mulheres entre 30 e 40 anos. Confira mais sobre a condição com informações da “Women’s Agenda”. 

Sintomas

Trocar o absorvente com muita frequência durante o dia, ter sangramento menstrual intenso ou prolongado, cólicas fortes, dores pélvicas, nas costas e nas pernas, infertilidade, dores durante a relação sexual ou coágulos sanguíneos durante a menstruação são sintomas da adenomiose.

Devido ao sangramento excessivo, as mulheres afetadas pela condição também podem desenvolver anemia (deficiência no número de glóbulos vermelhos) ou deficiência de ferro, o que pode causar cansaço e tonturas.

Diagnóstico

Embora a adenomiose possa ser difícil de identificar, existem várias opções de exames que auxiliam a realização de um diagnóstico adequado. A primeira delas é um ultrassom transvaginal de alta definição, que deve ser realizado, preferencialmente, por um profissional especializado nessa condição.

A segunda opção é uma ressonância magnética, que coletará imagens de tecidos moles que não aparecem no ultrassom. Eisen Liang revela que, na prática clínica, a ressonância magnética é muito mais precisa no diagnóstico de adenomiose quando comparada ao ultrassom.

Tratamento

A curto prazo, algumas das opções de tratamento para o alívio da dor são a supressão do ciclo menstrual e a menopausa temporária induzida. No entanto, essas soluções tratam apenas os sintomas, e não a doença. 

Atualmente, o DIU Mirena (que libera hormônios) é a opção mais eficaz de tratamento não-cirúrgico. Apesar disso, algumas pessoas podem desenvolver efeitos colaterais significativos a ele, portanto, encontrar a opção adequada pode ser um caso de tentativa e erro. 

Do ponto de vista cirúrgico, a histerectomia (remoção do útero) pode ser uma opção eficaz. No entanto, trata-se de uma cirurgia irreversível com riscos e complicações potenciais, devendo ser considerada apenas como último recurso. “Temos uma alternativa segura, minimamente invasiva e não-cirúrgica à histerectomia, chamada embolização da artéria uterina (EAU). Essa técnica é conhecida por reduzir ciclos intensos e aliviar a dor, e se mostrou eficaz em 90% das mulheres que sofrem de adenomiose”, revela Liang.

Durante o procedimento da EAU, pequenas partículas são injetadas nas artérias uterinas para bloquear o fluxo sanguíneo, incapacitando o tecido causador da adenomiose e amenizando os sintomas. Eisen Liang defende: “Mulheres merecem uma abordagem moderna e individualizada para seus problemas menstruais. Portanto, realizar o diagnóstico de adenomiose é essencial para o tratamento ideal”.