Documentos do Pentágono mostram que as guerras aéreas dos Estados Unidos no Oriente Médio foram marcadas por uma “inteligência profundamente falha” e resultaram em milhares de mortes de civis, entre eles muitas crianças, informou o New York Times neste sábado (18).

Segundo o jornal, um conjunto de documentos confidenciais obtido recentemente, que inclui mais de 1.300 relatos de vítimas civis, desmente a versão do governo de uma guerra travada com bombas de precisão.

As promessas de transparência e prestação regular de contas não se cumpriram completamente, indicou.

“Nenhum dos registros avaliados inclui registro de infração ou ações disciplinares”, apontou o jornal, acrescentando que as mortes de civis notificadas foram subnotificadas.

Entre os três casos citados está o bombardeio de 19 de julho de 2016, por parte das forças especiais americanas contra o que se acreditava serem três zonas de concentração do grupo Estado Islâmico no norte da Síria. Foram notificadas inicialmente as mortes de 85 combatentes, mas tratavam-se, na verdade, de 120 camponeses e aldeões.

Imagens ruins de vigilância contribuíram muitas vezes para erros mortais, de acordo com o relatório.

Mais recentemente, os Estados Unidos tiveram que admitir seu erro após alegar que um veículo destruído por um drone em Cabul em agosto continha bombas. As vítimas do ataque eram 10 membros de uma família.

Muitos civis que sobreviveram a ofensivas dos Estados Unidos ficaram com deficiências que exigiam tratamentos caros, mas menos de uma dúzia de pagamentos de indenização foram registrados.

Questionado pelo jornal, o capitão Bill Urban, porta-voz do Comando Central, disse que “mesmo com a melhor tecnologia do mundo ocorrem erros, seja por informações incompletas ou por má interpretação das informações disponíveis. E tentamos aprender com esses erros”.

“Trabalhamos diligentemente para evitar causar este tipo de dano. Investigamos todos os casos credíveis. E lamentamos cada perda de uma vida inocente”, acrescentou.

A campanha aérea dos Estados Unidos no Oriente Médio cresceu nos anos finais da gestão do ex-presidente Barack Obama, à medida que o apoio público à guerra terrestre diminuía.

Obama afirmou que o uso de dispositivos aéreos controlados remotamente favorecia “a campanha aérea mais precisa da história”, capaz de reduzir ao mínimo as mortes de civis.

No entanto, em cinco anos, a Força Aérea dos EUA realizou mais de 50 mil ataques aéreos no Afeganistão, Iraque e Síria, de acordo com a reportagem do New York Times.