Documentos que foram apreendidos pela Polícia Federal na sede da Precisa Medicamentos mostram que o Ministério da Saúde fechou contrato para comprar a vacina Covaxin sem que a empresa tivesse nenhuma garantia do laboratório Bharat Biotech, fabricante do imunizante.

A Precisa não apresentou um contrato com o laboratório indiano, que seria fundamental para o governo brasileiro ter segurança jurídica de que a Bharat cumpriria o acordo negociado.

O Jornal Nacional teve acesso a duas minutas do contrato entre o Ministério da Saúde e a Precisa, e os documentos mostram que o governo Jair Bolsonaro ignorou exigências técnicas para acelerar o negócio da Covaxin.

Segundo a reportagem, a pressa quase levou o Ministério da Saúde a pagar antecipadamente US$ 45 milhões à empresa, sem que isso estivesse previsto no acordo.

Com a comprovação de que não havia contrato assinado entre a Precisa e a Bharat, o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse não haver mais dúvidas sobre os crimes cometidos na negociação.

“Aqui no Brasil, a Precisa falsificou ‘invoice’ e depois a própria Bharat Biotech confessou a falsificação de documentos pela Precisa. Quer dizer, uma bandalheira, como é que o governo brasileiro pode avalizar algo tão espúrio como esse?”, disse Renan ao JN.

A Precisa diz que todo o processo de contratação com o Ministério Saúde foi legal e que atendeu a critérios rigorosos de integridade e interesse público. Já a pasta declara apenas que o contrato foi cancelado e que não houve desembolso de dinheiro público.