A União Europeia (UE) alertou, nesta terça-feira (6), sobre os retrocessos em termos de qualidade democrática e respeito aos direitos humanos na Turquia, onde a repressão lançada após uma tentativa de golpe de Estado teve “um impacto profundo e devastador”.

A advertência consta no mais recente relatório da UE sobre os progressos para adaptação ao regulamento europeu por parte dos países interessados em se juntar ao bloco.

Segundo o documento, a Turquia “continua se afastando” dos padrões europeus.

A Turquia iniciou em 2005 as negociações para se unir formalmente à UE. Na prática, esses contatos ficaram congelados, devido às preocupações europeias com o governo de Recep Tayyip Erdogan.

O líder turco iniciou uma grande repressão após o golpe frustrado de 2016, e o relatório da UE diz que, mesmo que o estado de emergência tenha sido levantado em 2018, seus efeitos ainda são sentidos.

“Muitas das medidas introduzidas durante o estado de emergência foram mantidas em vigor e continuam tendo um impacto profundo e devastador”, diz o texto.

A liberdade de expressão foi corroída na Turquia, alerta o documento, por meio da vigilância e da acusação de jornalistas, advogados, ativistas e acadêmicos.

O documento também destacou a evidente insatisfação da UE com as atividades de exploração de gás realizadas pela Turquia em águas reivindicadas pelo Chipre no Mediterrâneo Oriental, uma disputa que deu início a uma enorme crise diplomática nos últimos meses.

No relatório, a UE elogiou alguns avanços entre os países dos Bálcãs Ocidentais, principalmente da ex-Iugoslávia, que esperam se somar ao bloco.

Lamentou, porém, o lento avanço das reformas legais e judiciais, assim como a “falta de vontade política” para promover mudanças.

A Comissão Europeia, o Poder Executivo do bloco, também anunciou um pacote de investimento de 9 bilhões de euros para os Bálcãs Ocidentais – compostos por Albânia, Sérvia, Montenegro, Macedônia do Norte, Kosovo e Bósnia.

O plano tem como objetivo ajudar a região a impulsionar sua economia, melhorar a integração e ajudar esses países – significativamente mais pobres do que a maioria dos membros da UE – a desenvolverem consciência ambiental e a modernizarem sua infraestrutura digital.