Documentário questiona a vigilância constante devido ao reconhecimento facial

Cena do documentário
Cena do documentário 'Sorria, Você Está Sendo Vigiado', de Maria Rita Nepomuceno Foto: Reprodução

Quais os limites da vigilância constante a que estamos submetidos nas ruas com o monitoramento por reconhecimento facial? O documentário Sorria, Você Está Sendo Vigiado, de Maria Rita Nepomuceno se baseia nesta questão para refletir e provocar sobre as consequências da tecnologia usada nas cidades, realidade já praticada em todo o mundo.

Com estreia na Cinemateca do MAM dia 18 de junho, terça-feira, no Rio de Janeiro, com sessão aberta ao público às 18h30, seguida de debate com o professor e Coordenador do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), Pablo Nunes, a deputada Dani Monteiro e o professor e pesquisador do departamento de História da UFF-RJ, Paulo Terra (Abaixo, serviço). No dia 21 de junho, sexta-feira, o média-metragem de 35 minutos chega pelo Canal do YouTube “Tire o meu rosto da sua mira”.

Confira o trailer:

A diretora observa: “O documentário é um filme-processo, marcado pela investigação acadêmica e estética sobre a cidade vigiada. Transpõe para a imagem a dimensão de vigilância e de permanência no presente de estratégias de controle dos corpos e dos espaços públicos do passado. Uma busca e indagação sobre o que é, e foi, considerado legítimo para o lugar do Estado na produção de imagens para ver e ser visto, na escuta das narrativas e atores políticos que questionam o status quo da segurança pública brasileira.”

Realizado a partir da pesquisa do professor e historiador Paulo Cruz Terra, que conduz as entrevistas e também assina o roteiro com a diretora, Sorria, você está sendo vigiado tem direção de fotografia e edição de Patrick Granja. Com depoimentos de Horrara Moreira, Dani Monteiro, Hernani Heffner, Debora Pio, Thallita Lima, Pablo Nunes, Mariah Rafaela, o documentário tem produção do Departamento de História da UFF, RioByte e da The Research Council of Norway, na Noruega. Em Oslo, o filme teve exibição na mostra universitária Algorithimic Governance & Cultures of Policing, em março em 2024.

“O filme pretende ampliar o diálogo com a população. O processo mostrou que ainda há um grande desconhecimento sobre os problemas e desafios presentes no uso da tecnologia de reconhecimento facial, por isso a proposta do documentário é fazer as pessoas pensarem, trazer questões e provocar”, diz Paulo Terra.

““Diariamente, ao percorrermos a cidade, nos deparamos com inúmeras câmeras de vigilância instaladas em postes, condomínios, shoppings e aeroportos. A sensação constante é de que estamos sendo observados a cada momento. As câmeras de reconhecimento facial, capazes de identificar pessoas capturadas em suas imagens, intensificam essa sensação de vigilância e controle sobre a população. Ao construir uma infraestrutura de vigilância biométrica e tecnológica, o Brasil se aproxima de um cenário distópico e alarmante. As populações mais vulneráveis, que já são alvo preferencial do controle estatal, também sofrem mais com os erros dessa tecnologia.”, relata Pablo Nunes, um dos entrevistados do documentário – professor e historiador, idealizador do movimento “Tire meu rosto da sua mira”.

“A falta de um sentido crítico da sociedade sobre a regulação da relação entre imagem e o controle do crime não vê o quanto estamos, todos, permanentemente vigiados. Que as informações que compartilhamos não estão protegidas. E o cenário brasileiro é distópico. Várias cidades do mundo já baniram o uso do reconhecimento facial pela segurança pública e aqui parece uma quimera. A relação entre produção de imagens e o controle social na história brasileira, a partir do uso dos arquivos, foi uma forma que encontramos de mostrar que esse controle sempre existiu, mascarando o racismo e a perseguição aos trabalhadores, mas que a resistência a ele também. E ainda que a legislação brasileira esteja avançada, na prática a teoria é outra. O filme convida as pessoas a pensarem, debaterem e perceberem criticamente a violência do senso comum sobre o uso da vigilância para combate ao crime. O buraco é mais embaixo e temos condições de sair dele, resistindo enquanto sociedade ao que querem nos vender como natural. Que é muito violento e muito pouco democrático. Levantar a poeira desse debate é fundamental! “acrescenta Maria Rita.

Sinopse

O uso do reconhecimento facial pelas forças de segurança pública se espalhou rapidamente pelas cidades do Brasil. O documentário debate o movimento da sociedade civil organizada pelo seu banimento através de entrevistas feitas pelo historiador Paulo Terra.

Ativistas e pesquisadores nos convidam a pensar sobre a relação dessa tecnologia com outras formas de vigilância na história brasileira. Com depoimentos de Horrara Moreira, Dani Monteiro, Hernani Heffner, Debora Pio, Thallita Lima, Pablo Nunes, Mariah Rafaela.

Serviço

“Sorria, Você Está Sendo Vigiado”

Estreia: 18 de junho de 2024 | terça-feira | Horário: 18h30
Local: Cinemateca do MAM, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Endereço: Av. Infante Dom Henrique, 85 – Praia do Flamengo, RJ
Sessão seguida de debate: com Pablo Nunes, a deputada Dani Monteiro e o professor e pesquisador, Paulo Terra
Evento gratuito com retirada de senha a partir de uma hora antes da sessão
Capacidade: 186 pessoas