“Democracia em Vertigem”, da brasileira Petra Costa, foi indicado nesta segunda-feira (13) ao Oscar de melhor documentário.

O filme de duas horas, produzido pela Netflix, é uma visão em primeira pessoa da ascensão da esquerda no Brasil, da chegada do metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva ao poder e da cadeia de eventos que mais tarde impactaram o cotidiano do país: o julgamento político da sucessora de Lula, Dilma Rousseff, a prisão do próprio ex-presidente e a ascensão do atual presidente, Jair Bolsonaro.

“Estamos extasiados pela @TheAcademy ter reconhecido a urgência de #DemocraciaEmVertigem. Numa época em que a extrema direita está se espalhando como uma epidemia, esperamos que esse filme possa ajudar a entender como é crucial proteger nossas democracias. Viva o cinema Brasileiro!”, escreveu Petra Costa em seu Twitter.

A obra, uma crônica da história política recente do Brasil, disputará a estatueta dourada com “Indústria americana”, “The Cave”, “For Sama” e “Honeyland”.

Quanto a linha do tempo, o filme se desenrola até a Operação Lava Jato. O caso revelou o megaescândalo de corrupção empresarial e política brasileira, que desencadeou, por exemplo, na condenação do ex-presidente Lula.

Em um Brasil polarizado, a nomeação do documentário causou reações diversas.

“Parabéns, @petracostal, pela seriedade com que narrou esse importante período de nossa história. Viva o cinema nacional! A verdade vencerá”, comentou no Twitter o ex-presidente Lula, solto em novembro após um ano e meio de prisão.

O secretário especial de Cultura, Roberto Alvim, ironizou a nomeação: “Se fosse na categoria ficção, estaria correta a indicação”, afirmou Alvim à coluna nesta segunda (13) da jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo.

“Previsível, mas é uma grande estupidez, é um documentário falacioso, um documentário ficcional… porque diz que o impeachment (contra Rousseff) foi golpe”, escreveu Claudio Dantas, do site O Antagonista.

Costa, atriz e diretora de 36 anos, já tem uma longa carreira como documentarista. Como mostrado no filme, a cineasta é da família de uma das empresas envolvidas no escândalo do ‘Petrolão’, esquema de corrupção na Petrobras, investigado pela operação ‘Lava Jato’.

Seu trabalho de estreia, “Olhos de ressaca” (2009), foi exibido no Moma em Nova York e ganhou, entre outros, o prêmio de melhor curta-metragem no Festival Internacional de Documentários de Londres.

Foi seguido por “Elena” (2012) e “Olmo e a gaivota” (2015), ambos também premiados.

Para fazer o filme, Costa teve grande acesso a Lula e Rousseff.

Ainda entre os brasileiros presentes nas indicações ao Oscar 2020, está Fernando Meirelles com “Dois Papas”, produção também da Netflix indicado para melhor ator (Jonathan Pryce), melhor ator coadjuvante (Anthony Hoptkins) e melhor roteiro adaptado.