No dia em que faria 95 anos, Inezita Barroso ganha homenagem com a exibição, pela TV Cultura, de documentário sobre a sua trajetória de vida e profissional. Dirigido por Helio Goldsztejn, com roteiro de Fabio Brandi Torres, Inezita nos leva ao mundo da dama da viola, revelando detalhes dessa mulher, que teve de conquistar seu espaço na marra, desafiando a família e a sociedade. Ignez Magdalena Aranha de Lima, nome de batismo de Inezita Barroso, nasceu em 4 de março de 1935 e morreu no dia 8 de março de 2015, aos 90 anos, deixando seu nome impresso na história da música brasileira.

“Eu resolvi fazer o documentário quando houve a Ocupação Inezita, no Itaú Cultural, em 2017”, diz Helio Goldsztejn, que conta ter convivido com Inezita na redação da TV Cultura, mas não tinha proximidade com o trabalho dela fora do Viola Minha Viola. Diretor revela que desconhecia a mulher que enfrentou pais, amigos, maridos, para se dedicar à musica de raiz.

“Desconhecia a professora e pesquisadora, capaz de dirigir um jipe na década de 1950 em busca das cantigas do Brasil profundo e de queimar essa pesquisa, pois ninguém deu bola ao trabalho”, conta ele, dizendo ainda que foi assim que passou a conhecer essa mulher acima de sua personagem na TV.

Cantora, atriz, instrumentista, bibliotecária, folclorista, professora, apresentadora de rádio e televisão, além de ter sido eleita para a Academia Paulista de Letras (APA). Essa era Inezita Barroso, que por 35 anos apresentou o programa Viola, Minha Viola, que animava as manhãs de domingo, da TV Cultura, sempre com um auditório lotado. Nele, somente representantes da música caipira. Para se apresentar no Viola, nada de usar eletrônicos, tinha de tocar viola, violão, percussão ou outros instrumentos que tivessem uma identificação com o gênero. “Como apresentadora, Inezita comprou várias brigas por admitir apenas a presença de artistas que procuravam manter a tradição do gênero que abraçou, não admitindo a presença de baterias e teclados no palco do programa, por exemplo”, conta Hélio.

O diretor enfatiza a força de Inezita, pois se hoje a presença feminina é cada vez maior na música caipira, muito deste mérito se deve a ela. E ele a define em três palavras – talento, bravura e humor. Segundo Helio, ela deixou algumas discípulas, como Juliana Andrade e Bruna Viola, mas ela “tinha carisma único e, claro, tinha consciência disso”.

Exemplo de determinação e força, com profundo conhecimento das raízes da música caipira, a história de Inezita Barroso se confunde com a das artes brasileiras, pois se manteve em atividade por mais de 60 anos. Além de cravar seu nome nesse segmento, a cantora também fez bonito no cinema, chegando a ganhar o Prêmio Saci de melhor atriz de 1955.

A TV Cultura exibe o documentário Inezita nesta quarta, a partir das 22h45.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.