Do mate à pizza, Francisco era apaixonado por ‘comida de rua’

VATICANO, 21 ABR (ANSA) – Por Manuela Tulli – O líder da Igreja Católica, Jorge Mario Bergoglio, que morreu nesta segunda-feira (21), no Vaticano, aos 88 anos, após uma longa batalha contra uma pneumonia, era considerado um “Papa pop” até mesmo em seus gostos alimentares.   

Francisco não era amante de pratos refinados em sua mesa e até apresentou aos italianos o mate, um tipo de chá. Além disso, se apaixonou pela pizza, um dos pratos “simples”, mas um dos mais simbólicos do “Made in Italy”.   

Em diversas ocasiões, chegou inclusive a expressar o quanto gostou de “Il pranzo di Babette” (“A festa de Babette”, na versão em português), o filme em que uma mulher demonstra seu amor pelos outros gastando o dinheiro em uma refeição.   

A mesa era uma das grandes paixões de Francisco – ele explicou em uma audiência geral em janeiro de 2024 que “muitas vezes vemos o Messias” ao nos reunir para uma refeição -, apesar de ter precisado suportar dietas rigorosas em várias ocasiões durante os últimos anos, como peixe cozido e arroz.   

Isto porque em Roma, com a culinária italiana e a falta de passeios pelas ruas, os quilos extras poderiam aparecer e, como para todos, não eram um bom sinal para a saúde.   

No entanto, como acontece com muitas outras coisas, Francisco no fim das contas não se importou. Apaixonado por comida de rua e alimentos simples e popular, era considerado “o primeiro fã” da pizza italiana.   

Quando ele confidenciou o que estava sentindo falta em sua nova vida como Papa, ele respondeu: “Sair para uma pizzaria”.   

Em uma de suas últimas viagens apostólicas, a de Luxemburgo em setembro de 2024, fez uma rápida parada para tomar um expresso no bar, chegou a comentar aos jornalistas: “Foi uma brincadeira, da próxima vez será em uma pizzaria”.   

Alguns jornalistas, inclusive, recordaram que, no átrio da Sala Paulo VI, o líder da Igreja Católica agradeceu aos voluntários que organizaram o “Dia Mundial da Criança” e sentou-se com todos à mesa para comer a pizza preparada para ele por um mestre cozinheiro napolitano.   

Entre os doces, Bergoglio adorava chocolate , e por isso na Páscoa chegavam para ele ovos gigantes de toda a Itália. Ele também nunca deixou de lado sua paixão por tortas, maritozzi com creme e sorvetes.   

Conta-se também que o Santo Padre sempre carregava doces no bolso, os mesmos que todos viam ele dar às crianças durante eventos e audiências.   

Os sabores de sua mesa argentina nunca faltaram, começando pela bebida nacional, o mate, que lhe era oferecido em todas as reuniões e que ele bebia de bom grado de canudo, e passando pelas empanadas, os pequenos bolinhos recheados com carne e outros ingredientes.   

Inclusive, diversas transexuais latino-americanas que pegavam o ônibus de Torvaianica para Roma todas as quartas-feiras de manhã, acompanhadas pelo pároco don Andrea, para comparecer à audiência geral, também preparavam empanadas para ele. Bergoglio sempre as acolheu com dignidade e, por isso, recebia tortinhas assadas que o levaram de volta à mesa de sua infância. (ANSA).