Você se lembra de Luma de Oliveira? Difícil esquecer. Nos anos 90, foi uma das mulheres mais desejadas do Brasil. Modelo, atriz e musa absoluta do Carnaval, ela estampou capas históricas da Playboy e participou de novelas como ‘O Outro’ (1987) e ‘Meu Bem, Meu Mal’ (1990). Mas foi mesmo na Sapucaí que consolidou seu reinado como um dos maiores ícones do samba. Luma não era apenas admirada. Ela era venerada, comentada, desejada, copiada. Um símbolo de beleza e poder, um dos principais nomes que traduziam o que era ser uma mulher famosa nos anos 90.
Se casou com Eike Batista, então futuro homem mais rico do Brasil, tinha uma vida de luxo, influência e ostentação. O casal teve dois filhos: Thor e Olin, e por muitos anos pareciam inabaláveis. Quando tudo reluz demais, o tombo pode ser ainda mais ruidoso. E, no caso deles, o divórcio, a coleira polêmica e a queda bilionária mostraram que até os maiores impérios podem virar pó.
E aí já surge um famoso dilema: o que acontece quando o brilho de quem parece intocável encontra as sombras da vida real? É nesse choque entre glamour e queda que a história de Luma e Eike Batista se torna digna de roteiro de filme.
Eles viveram um dos relacionamentos mais midiáticos da época. Ao longo do relacionamento, surgiram rumores de controle excessivo por parte de Eike, especialmente sobre a liberdade de Luma. O episódio da coleira, em 1998, durante um desfile da Tradição, para alguns teria sido uma prova disso. Luma entrou na avenida usando uma coleira com o nome de Eike Batista. A imagem repercurtiu e se tornou um dos momentos mais discutidos da história do Carnaval. Por anos, ela foi reduzida a esse gesto. Em 2023, em uma entrevista à Folha de S. Paulo, Luma desabafou: “Eu entendo, mas é que minha vida no samba é tão mais do que isso.”
E ela tem razão. A modelo e atriz foi referência na Sapucaí por muitos anos, e estava lá não somente pela sua beleza indiscutível, mas porque desfilava como quem vive cada verso do samba-enredo com a alma. Ela passou por escolas como Caprichosos de Pilares e Tradição, além da Portela, onde fez seu último desfile como Rainha de Bateria em 2009. Três anos depois, em 2012, foi homenageada pela Estácio de Sá com o enredo “Luma de Oliveira: coração de um país em festa!”. Uma estrela que iluminou gerações, até que a vida apagou boa parte do seu brilho.
A primeira perda foi o casamento, que chegou ao fim em 2004, após 13 anos de uma união que estampava capas de revistas. A separação foi tão comentada quanto o relacionamento em si. À época, foram ventilados rumores de infidelidade atribuídos a Eike e comentários sobre um desgaste natural da relação. Nenhum dos dois confirmou tais versões, mas em entrevistas posteriores Luma afirmou apenas que a decisão foi pessoal e que, apesar da separação, sempre manteve uma convivência respeitosa com o ex-marido em nome dos filhos.
Eike seguiu na sua jornada como empresário bilionário, enquanto Luma optou por se afastar das câmeras. Mas o fim da relação não foi o desfecho, foi apenas o começo de algo ainda pior.
Eike Batista, que chegou a ocupar o posto de sétimo homem mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em mais de 30 bilhões de dólares, viu seu império desmoronar em menos de dois anos. À frente do grupo EBX, prometia transformar o Brasil em uma potência energética e industrial. Suas seis empresas terminavam em “X” (símbolo matemático da multiplicação) e, segundo ele, de “potencial de crescimento”.
Mas os resultados nunca vieram. A OGX, sua principal aposta no setor de petróleo, não conseguiu entregar nem uma fração do que prometia na produção. A confiança do mercado acabou, as ações despencaram, as dívidas se multiplicaram. E o império do homem mais rico do Brasil virou pó diante de seus olhos.
Eike passou de bilionário a inadimplente, protagonizando um dos maiores colapsos empresariais da história brasileira. Mas a queda não foi apenas financeira. Em 2017, o nome de Eike apareceu nos desdobramentos da Operação Lava Jato. Foi preso, acusado de corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Desde então, acumulou condenações, cumpriu parte da pena em regime domiciliar e, posteriormente, firmou um acordo de delação com a Justiça. Hoje, vive longe dos holofotes e do poder que um dia ostentou. Sua história virou caso de estudo, não só sobre negócios, mas sobre ambição, vaidade e queda.
Luma e Eike, durante anos, viveram no topo da pirâmide social. Ela, uma das mulheres mais desejadas do Brasil. Ele, bilionário, dono de um verdadeiro império empresarial. Não tinham apenas dinheiro, tinham status, influência, poder. Mas por trás do brilho, havia algo que só eles sabiam que existia: o risco do fim.
Hoje, aos 60 anos, Luma leva uma vida mais reservada, voltada às atividades pessoais e familiares. Após encerrar a carreira artística, atua como empresária e costuma compartilhar nas redes sociais seu envolvimento com causas ambientais.
No início de 2024, em entrevistas, mostrou-se empolgada com a chegada do primeiro neto, fruto do relacionamento do seu primogênito, Thor, com Lunara Campos. Mas, em dezembro, chamou atenção a sua ausência no batizado do pequeno. Luma não esteve presente e não se pronunciou sobre o assunto.
O avô Eike Batista, a atual esposa, Flávia Sampaio, e o filho Olin compareceram.
A boa notícia veio já no início de 2025, quando Luma voltou a seguir o filho e a nora no Instagram e apareceu em imagens do aniversário de 1 ano do neto. Em abril deste ano, o jornal Extra também a flagrou ao lado do filho e do menino em um shopping no Rio de Janeiro. Desde então, são muitos os registros de momentos em família compartilhados nas redes sociais.
Eike, por sua vez, aos 68 anos, segue em atividade e dedica-se à reestruturação de investimentos em projetos de infraestrutura, nanotecnologia e energias renováveis.
Tudo mudou muito. Agora, a vida deles já não tem a frequente agenda de festas luxuosas, nem Luma usa jóias, roupas e bolsas de grife para estampar o glamour do dia a dia de uma milionária.
No fim, a história de Luma e Eike é um lembrete de que ninguém está imune às reviravoltas da vida. Ícones caem, impérios desmoronam, amores acabam. Mas, também há possibilidade de novas fases e de novos começos. O famoso dilema entre o brilho que encanta e as quedas que ensinam pode se repetir na vida de todos nós, em menor ou maior escala. A diferença está em como escolhemos seguir depois da queda. E talvez aí esteja a beleza da vida: mesmo depois de perder tudo ou quase tudo, ainda é possível recomeçar, reconstruir e encontrar novos sentidos, novos propósitos.