Embora seja um gênio do tênis, o jogador sérvio Novak Djokovic deixa muito a desejar em termos de empatia, apego à ciência e respeito ao próximo. Durante a pandemia, ele deu várias demonstrações de que é um negacionista empedernido, que não usa máscaras e nem segue medidas de isolamento. Em junho do ano passado, ele organizou um torneio privado na Sérvia, ignorando completamente a Covid-19, e também promoveu uma festa e deu declarações minimizando a doença. Ele não toma vacina e, além disso, reage com arrogância quando é cobrado. Considera qualquer questionamento sobre a vacinação como “um assunto particular e uma pergunta inadequada”. Depois de uma semana confinado em um hotel de refugiados, ele conseguiu entrar em Melbourne, na Austrália, graças a uma decisão judicial favorável. E, tudo indica, que vai conseguir jogar o campeonato aberto local sem problemas.

Campeões que não sabem se comportar são ídolos de barro. Embora tenha inúmeros apoiadores pelo mundo, especialmente na Sérvia, a atitude de Djokovic revoltou os australianos. Cerca de 90% da população do país com mais de 16 anos já tomou as duas doses da vacina e Melbourne teve o lockdown mais longo do mundo, além de enfrentar neste momento um surto da variante Ômicron. O tenista, porém, para conseguir viajar para a cidade alegou que conseguiu uma dispensa especial da vacinação e argumentou que havia sido infectado pela Covid-19 em dezembro e se recuperado. O governo da Austrália não reconheceu a tal dispensa e questionou sua validade. O próprio Djokovic não conseguiu justificar a isenção, que parece um engodo. Para as autoridades locais, ele não conseguiu mostrar “evidências adequadas para atender aos requisitos de entrada no país”.

Posteriormente, a decisão foi revertida pela Justiça. Mas não se espere uma mudança de atitude de Djokovic. Seu negócio é menosprezar a pandemia e seus efeitos nefastos na saúde da população mundial. Conseguiu a liberação para entrar no país só porque o campeonato não pode prescindir de uma de suas maiores estrelas e permanente candidato ao título. Sua ausência “enfraqueceria” a disputa. O problema é que o magistral desempenho esportivo de Djokovic contrasta com sua mentalidade retrógrada. Embora tenha vencido a batalha judicial, mais uma vez ele perde a batalha moral. Mesmo que seja campeão do Alberto da Austrália, algo bem possível, o que vai ficar na lembrança de todos é sua atitude egoísta e mesquinha.