Aos 34 anos, Roger Federer é uma lenda do tênis em atividade. O auge ficou para trás, mas o suíço possui a honra de ser o tenista que liderou o ranking da ATP por mais tempo – foram 302 semanas (237 consecutivas) como número 1 do mundo. Ele também é o maior vencedor de Grand Slam de todos os tempos, com 17 títulos.

Atual número 1 do mundo, Novak Djokovic trilha o caminho dos recordes com maestria e domina o circuito atualmente. Se o sérvio ainda está longe das marcas do rival dentro de quadra, ele está em vantagem fora dela. Nole ficará muito próximo dos US$ 100 milhões de dólares em premiação se for campeão do Masters 1000 de Madrid, que começa neste domingo e dará 912,9 mil euros ao vencedor. Mas a corrida pelo posto de tenista que mais faturou na carreira está acirrada.

O líder do ranking assumiu a dianteira nesta temporada ao embolsar cerca de US$ 4,7 milhões com a conquista de quatro troféus – ATP de Doha (Catar), Aberto da Austrália, Masters 1000 de Indian Wells e Miami, ambos nos Estados Unidos. Federer, que ficou 10 semanas afastado das competições depois de ser submetido a uma cirurgia no joelho esquerdo, ainda não obteve títulos em 2016 e acumulou pouco mais de US$ 650 mil.

Djokovic recebeu US$ 98,2 milhões em sua conta bancária até hoje, contra US$ 97,9 de Federer. Para Luiz Carvalho, diretor do Rio Open, os números dos tenistas impressionam. “O tênis é um esporte que atrai muitos fãs mundialmente, que movimenta um mercado gigante. Federer e Djokovic são dois dos carros chefes do mercado. Tenistas não têm clubes e não ganham salários, essa premiação expressiva comprova o sucesso deles no esporte”.

A Associação dos Tenistas Profissionais (ATP) estabelece um nível mínimo de premiação de cada evento de acordo com as categorias das competições (ATP 250, 500 e Masters 1000), considerando fatores como posição no calendário, tamanho da chave e poder financeiro. “Muitos torneios decidem pagar premiações acima do valor mínimo”, explicou Simon Higson, vice-presidente de comunicação corporativa e relações públicas da ATP. No “modelo de negócios” do torneio brasileiro, o valor da premiação distribuída leva em consideração patrocínios, direitos de televisão e venda de ingressos.

Para qualquer mudança na fórmula de distribuição, Luiz Carvalho explica que há uma discussão entre um CEO e seis membros do conselho da ATP (ou a WTA, no feminino). Três deles respondem pelos torneios e três representam os atletas, sendo um por região (Américas, Europa e resto do mundo). Dessa forma, os jogadores também têm influência.

O brasileiro André Sá integra o conselho da ATP há seis anos. “Meu papel é dar sugestões sobre futuras decisões e passar um feedback para os dirigentes sobre as opiniões dos jogadores”, explicou. Ele reconhece que a discussão é difícil quando o assunto é dinheiro. “Os jogadores querem ganhar mais e os torneios querem pagar menos. Fica aquela queda de braço para chegar a um número satisfatório para ambas as partes”. Mas o especialista em duplas ressalta que a premiação não subiu significativamente nos torneios “menores”, nível ATP 250 e Challengers.

Para chegar próximo à marca dos US$ 100 milhões, Federer somou 88 títulos individuais e 8 taças nas duplas. Djokovic, entretanto, ultrapassou o rival mesmo tendo um número menor de conquistas. O número 1 do mundo levou 63 troféus na chave de simples e um em duplas. Esse fenômeno deve-se ao aumento progressivo das premiações nos últimos anos.

A temporada mais vitoriosa na carreira do suíço foi a de 2006, com 12 conquistas. Na época, ele acumulou US$ 8,3 milhões. O valor é muito inferior aos US$ 21 milhões recebidos por Nole em 2015, quando sagrou-se campeão de 11 competições. “As premiações aumentaram significativamente à medida que a popularidade do esporte e a viabilidade comercial também cresceram. Em 1990, a premiação no circuito da ATP era de US$ 34,8 milhões, enquanto ela chegará a US$ 131,2 milhões em 2018”, disse Simon Higson.