O sérvio Novak Djokovic busca seu oitavo título em Wimbledon para alcançar Roger Federer e levantar seu 24º Grand Slam, igualando o recorde absoluto de Margaret Court. Neste sábado (1), a dois dias da edição 2023 do torneio londrino, ele disse que não precisa de uma rivalidade com Carlos Alcaraz ou outro tenista para continuar motivado.

Pergunta: Wimbledon é o torneio em que você mostrou melhor seu talento como jogador?

Resposta: “Deve ser. Nunca tinha jogado na grama até os meus 17 anos. Sempre sonhei em ganhar Wimbledon, sempre foi um objetivo. Desde que comecei na grama, fui bem. Entrei no Top 100 em Wimbledon (depois da derrota na terceira rodada em 2005). Depois, durante vários anos, tive problemas para elevar meu nível na grama porque, de maneira natural, tinha tendência a deslizar e não dá para fazer isso na grama. Tive que aprender a me movimentar na grama, a jogar lá, a ler os rebotes, etc. Além disso, os torneios na grama são, de longe, os de menor número na temporada, ao contrário de como era nos anos 1940, 50 ou 60, quando três ou quatro grandes torneios eram na grama. Hoje não é mais assim e é uma superfície que requer mais tempo de adaptação do que as outras. Nos últimos dez anos, aprendi a me adaptar muito rápido a esta superfície, como provam meus resultados, principalmente porque joguei muito pouco em torneios preparatórios. Devo ter jogado em Queen’s em 2018, Eastbourne em 2017, e isso é tudo.

Habitualmente eu jogo pelo menos um ou dois jogos de exibição para entrar um pouco no ambiente. Mas quando entro na quadra central, algo em mim desperta e sou capaz de jogar no mais alto nível”.

P: Aos 36 anos, e depois de todas as suas conquistas, a chegada de novos talentos como Carlos Alcaraz te faz manter a motivação no nível mais alto?

R: “Sempre já um jogador a ser batido. Carlos é um garoto muito bom, que se comporta de maneira muito madura para quem tem 20 anos. Para alguém da sua idade, o que ele fez é algo impressionante. Mas no que diz respeito a mim, não preciso ter um Carlos pela frente, nem ninguém em particular, para esse ‘plus’ de motivação. Quando chego em um torneio de Grand Slam, sei que tenho que vencer sete jogos para chegar ao título. Então, seja quem for o jogador que está do outro lado da rede, não muda nada para mim. É fazer o que tenho que fazer. Quase todo o meu foco está no meu corpo e na minha mente, no meu jogo, para tentar ficar no melhor estado, para jogar meu o melhor tênis a cada jogo”.

P: Você se sente mais relaxado agora que tem o recorde masculino com 23 títulos de Grand Slam?

R: “Não me sinto mais relaxado, não (risos). Sempre tenho sede de vitórias, de títulos de Grand Slam, de conquistar mais coisas no tênis. Enquanto tiver esta motivação, sei que sou capaz de jogar no mais alto nível. Se esta motivação acabar, provavelmente verei as coisas de forma diferente. Apenas alguns dias depois de Roland Garros, já pensava na minha preparação para a grama. Apesar do número de pessoas que vieram me ver para parabenizar por esse feito histórico, algo que me deixou muito lisonjeado, minha cabeça já estava em Wimbledon. Essa é a mentalidade necessária para manter a intensidade. Se você quiser ter chance de verdade de ganhar mais títulos de Grand Slam, é preciso manter esta concentração e dedicação”.

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